http://rapidshare.com/files/411734639/CIF-conceitos__usos_e_perspectivas.pdf
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
MINAS GERAIS
ESCOLA DE EDUCAÇÃO
FÍSICA, FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
DEPARTAMENTO DE
FISIOTERAPIA
FUNDAMENTOS DE
FISIOTERAPIA
PROFESSORA CAMILA
TEIXEIRA VAZ
FISIOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA
ALUNOS: IAMÍ RANE PEREIRA LOBATO SILVA
/ 2010049874
FERNANDO
ALVES LUCENA / 2010049840
LUANA ASSIS DE CARVALHO / 2010050066
JOYCE CRISTINA CÂNDIDO / 2010049939
I – INTRODUÇÃO
Até pouco tempo atrás o
profissional fisioterapeuta apresentava pouco destaque profissional na atenção
primária à saúde, sendo que, os currículos dos cursos de fisioterapia
existentes no Brasil claramente priorizavam a ação curativa em detrimento do
modelo assistencial vigente, dificultando de sobremaneira a inserção do
fisioterapeuta na Saúde Pública. Uma
mudança paradigmática no conceito de saúde ao longo das ultimas décadas,
principalmente no tocante ao modelo de saúde adotado, que passa de um modelo
hospitalocentrico, curativo e reabilitador, para um modelo assistencial
promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação
popular e a interdisciplinaridade dos diferentes profissionais da saúde. Neste
sentido, vem-se hoje, compreendendo a saúde não como o avesso da doença, mas como
a busca do equilíbrio do ser humano, devendo, portanto, romper os estreitos
limites da assistência meramente curativa e do profissional puramente técnico. Assim,
pode-se, hoje, visualizar a importância da inserção do profissional
fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde, desenvolvendo suas
atividades em interação com uma equipe multiprofissional e de forma
interdisciplinar, não somente restrito aos níveis determinados de assistência a
saúde, inclusive e de maneira muito positiva, nas Unidades Básicas de Saúde da
Família.
O Sistema Único de Saúde tem, nos últimos anos, graças a um conjunto estrutural de mudanças conceituais e políticas, avançando nos propósitos de universalização, descentralização e ampliação de cobertura dos serviços de saúde, não obstante a persistência de desafios que ainda entravam a garantia da qualidade, equidade e resolutividade da assistência ambulatorial e hospitalar, principalmente, pela falta de profissionais habilitados a prestar assistência integral de saúde.
O Sistema Único de Saúde tem, nos últimos anos, graças a um conjunto estrutural de mudanças conceituais e políticas, avançando nos propósitos de universalização, descentralização e ampliação de cobertura dos serviços de saúde, não obstante a persistência de desafios que ainda entravam a garantia da qualidade, equidade e resolutividade da assistência ambulatorial e hospitalar, principalmente, pela falta de profissionais habilitados a prestar assistência integral de saúde.
A
realização das pesquisas para o desenvolvimento do Seminário sobre Saúde
Pública e Atuação do Profissional Fisioterapeuta
neste contexto revelou a carência de
estudos científicos concernentes a este tema, principalmente devido ao caráter recente das mudanças,
revelando, assim, ser esse,
além de um importante espaço que
vem se
abrindo, do ponto de vista
profissional, uma interessante gama de
possibilidades de pesquisa acadêmica
e desenvolvimento de teses que em muito podem contribuir para a
efetiva inserção do profissional fisioterapeuta
nesse novo paradigma que hora se nos apresenta.
O presente
trabalho tem por objetivo principal o estabelecimento de uma análise mais
pormenorizada do Conceito hodierno de Saúde Pública, com ênfase nas mais variadas formas de atuação do profissional de
fisioterapia dentro de um contexto de multidisciplinaridade profissional e
abrangência desse conceito, que, a
priori, representa um avanço para os
mais diversos campos profissionais
da saúde
e, conseqüentemente, para a sociedade como um todo.
Pelas próprias limitações
bibliográficas existentes, houve a
necessidade de saída a campo para a busca de respostas aos
questionamentos que se apresentavam no
processo de construção do trabalho e, para tanto, o grupo não ficou
restrito às poucas opções de pesquisa bibliográfica existentes (principalmente textos de Internet
e artigos de pequeno porte), buscando conversar com profissionais
fisioterapeutas e coordenadores de programas de Saúde da Família, NASF, PET –
Saúde, Legislações vigentes, etc.
Todo esse
processo resultou em uma experiência
profundamente gratificante, possibilitando, para além
do simples aprendizado do
conteúdo pesquisado, a compreensão um pouco mais ampla da realidade
da Saúde Pública no Brasil e, em especial, da situação do profissional
fisioterapeuta, que vem ganhando espaço,
merecido por sua importância. Muito se
tem avançado, mas muito ainda há de ser
feito para a efetiva consolidação da Fisioterapia no contexto da Saúde Pública.
II – HISTÓRICO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
A saúde no Brasil
praticamente inexistiu nos tempos de colônia. O modelo exploratório nem pensava
nessas coisas. O pajé, com suas ervas e cantos, e os boticários,
que viajavam pelo Brasil Colônia, eram as únicas formas de assistência à saúde.
Para se ter uma idéia, em 1789, havia no Rio de Janeiro, apenas quatro médicos.
Com a chegada da família real portuguesa em 1808, as necessidades da corte forçaram a criação as duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram essas as únicas medidas governamentais até a República.
Com a chegada da família real portuguesa em 1808, as necessidades da corte forçaram a criação as duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram essas as únicas medidas governamentais até a República.
Foi no primeiro governo de Rodrigues Alves (1902-1906)
que houve a primeira medida sanitarista no país. O Rio de Janeiro não tinha nenhuma
medida de saneamento básico e, assim, várias doenças graves como varíola,
malária, febre amarela e até a peste espalhavam-se facilmente. O presidente
então nomeou o médico Oswaldo Cruz para dar um jeito no problema. Numa ação
policialesca, o sanitarista convocou 1.500 pessoas para ações que invadiam as
casas, queimavam roupas e colchões. Sem nenhum tipo de ação educativa, a
população foi ficando cada vez mais indignada. E o auge do conflito foi a
instituição de uma vacinação anti-varíola. A população saiu às ruas e iniciou a
Revolta da
Vacina. Oswaldo Cruz acabou afastado.
Pouco foi feito
em relação à saúde depois desse período, apenas com a chegada dos imigrantes
europeus, que formaram a primeira massa de operários do Brasil, começou-se a
discutir, obviamente com fortes formas de pressão como greves e manifestações,
um modelo de assistência médica para a população pobre. Assim, em 1923, surge a
lei Elói Chaves, criando as Caixas de Aposentadoria e
Pensão. Essas instituições eram mantidas pelas empresas que
passaram a oferecer esses serviços aos seus funcionários. A União não
participava das caixas. A primeira delas foi a dos ferroviários. Elas tinham entre
suas atribuições, além da assistência médica ao funcionário e a família,
concessão de preços especiais para os medicamentos, aposentadorias e pensões
para os herdeiros. Detalhe, essas caixas só valiam para os funcionários
urbanos.
Esse
modelo começa a mudar a partir da Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas toma
o poder. É criado o Ministério da Educação e Saúde e as caixas são substituídas
pelos Institutos
de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que, por causa do modelo
sindicalista de Vargas, passam a ser dirigidos por entidades sindicais e não
mais por empresas como as antigas caixas. Suas atribuições são muito
semelhantes às das caixas, prevendo assistência médica. Quanto ao ministério,
ele tomou medidas sanitaristas como a criação de órgãos de combate a endemias e
normativos para ações sanitaristas.
Dos
anos 40 a 1964, início da ditadura militar no Brasil, uma das discussões sobre
saúde pública brasileira se baseou na unificação dos IAPs como forma de tornar
o sistema mais abrangente. É de 1960, a Lei Orgânica da Previdência Social, que
unificava os IAPs em um regime único para todos os trabalhadores regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o que excluía trabalhadores rurais,
empregados domésticos e funcionários públicos. É a primeira vez que, além da
contribuição dos trabalhadores e das empresas, se definia efetivamente uma
contribuição do Erário Público.
Durante
a transição democrática, finalmente a saúde pública passa a ter uma
fiscalização da sociedade. Em 1981, ainda sob a égide dos militares, é criado o
Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp). Com o
fim do regime militar, surgem outros órgãos que incluem a participação da
sociedade civil como o Conselho Nacional dos Secretários
Estaduais de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional dos Secretários
Municipais de Saúde (Conasems).
Se
de um lado, a sociedade civil começou a ser mais ouvida, do outro, o sistema
privado de saúde, que havia se beneficiado da política anterior, teve que
arranjar outras alternativas. É nesse período que se cria e se fortalece o
subsistema de atenção médico-suplementar. Em outras palavras começa a era dos
convênios médicos. Surgem cinco modalidades diferentes de assistência médica
suplementar: medicina de grupo, cooperativas médicas, auto-gestão, seguro-saúde
e plano de administração.
A
classe média, principal alvo destes grupos, adere rapidamente, respondendo
contra as falhas da saúde pública. O crescimento dos planos é vertiginoso. Em
1989, já contabilizam mais de 31 mil brasileiros, ou 22% da população,
faturando US$ 2,4 bilhões.
Ao
lado dessas mudanças, os constituintes da transição democrática começaram a
criar um novo sistema de saúde, que mudou os parâmetros da saúde pública no
Brasil, o SUS, que tem
como conceito básico a universalização do atendimento à saúde, surgiu por meio
da Constituição de 1988 e é regido por outras duas leis: a 8.080/90, que dá as
linhas gerais do que seria esse atendimento, e a 8.142/90, que regulariza a
participação da sociedade na fiscalização do sistema. A Constituição de 1988 mudou o modelo da
saúde no Brasil. Antes, saúde pública era apenas para os incluídos. Os
indigentes ou mesmo quem não colaborava com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social)
não podia ser atendido pelos órgãos públicos. Ficavam na mão dos particulares
ou das fundações filantrópicas. O SUS universalizou o atendimento.
No mundo, existem dois modelos de oferta de saúde pública adotado pelos governos, a universal e a segmentada. Resumidamente, eles podem ser definidos como:
No mundo, existem dois modelos de oferta de saúde pública adotado pelos governos, a universal e a segmentada. Resumidamente, eles podem ser definidos como:
·
Universal – deve atingir amplamente e irrestritamente a todos
os cidadãos, independentemente da classe social, com financiamento público e
alcançando uma enorme gama de vertentes da saúde. O sistema privado ficaria com
a parte suplementar, por exemplo, tratamentos e procedimentos específicos.
·
Segmentada – atinge nichos distintos da sociedades, por
exemplo, os mais pobres ou um determinado grupo profissional. Aí, o público e o
privado se misturam na sociedade, tanto na questão do financiamento, quanto no
atendimento. Digamos que um completa o outro.
O modelo vigente no Brasil, como na
maioria dos países, é o universal. Todo mundo, não importa a classe social,
pode e deve ser atendido em um pronto-socorro, fazer consultas com
especialistas, fazer o pré-natal e o parto, exames laboratoriais, entre outros
procedimentos. Tudo de graça. Além disso, também cabe ao SUS outras atribuições
como a fiscalização dos medicamentos, a produção de remédios, o combate a
doenças epidemiológicas, o apoio a pesquisas científicas e a contribuições em
questões de saneamento básico, fiscalizar alimentos e bebidas etc.
III - O PAPEL DO
FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE PÚBLICA
“A
partir da analise da mudança do perfil epidemiológico da população, verifica-se
a necessidade de uma atuação ampla da rede de atenção básica, além do campo das
doenças infecciosas, mas também nas áreas crônico-degenerativas e traumáticas.
Para tanto é importante uma redefinição nos aspectos de espaço físico e no
perfil dos profissionais que irão atuar na equipe de saúde, no sentido de
promoção, prevenção, educação, controle social e reabilitação desta nova
demanda que se apresenta.” (I)
Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças crônicas e degenerativas. Estas mudanças no perfil epidemiológico da população se devem, principalmente, ao aumento da expectativa média de vida da população.
Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças crônicas e degenerativas. Estas mudanças no perfil epidemiológico da população se devem, principalmente, ao aumento da expectativa média de vida da população.
O envelhecimento da população é um dos
maiores desafios das últimas décadas. Embora a velhice não seja sinônima de
doença, com a idade aumenta o risco de comprometimento funcional e perda de
qualidade de vida. A avaliação funcional dos idosos, com acompanhamento do
profissional fisioterapeuta, torna-se essencial para estabelecer um
diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico adequado que subsidiarão as
decisões sobre os tratamentos e cuidados necessários com o idoso.
A fisioterapia apresenta uma
missão primordial, de cooperação, mediante a nova realidade de saúde que se
apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção,
eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e na
educação em saúde.
O
fisioterapeuta tornou-se um profissional de atuação transformadora na saúde
pública, mais especificamente no paciente hipertenso, com o qual se tem não
simplesmente o dever, mas uma forte preocupação em não apenas reduzir índices
pressóricos, e sim os de internação hospitalar. Mas, preventivamente, o
fisioterapeuta atua fortemente com o intuito de abrandar as complicações da
hipertensão, da saúde mental, promovendo permanentes mudanças positivas na
qualidade de vida dos indivíduos envolvidos.
A
estimulação à participação em uma atividade física, orientada de forma adequada
por um profissional que seja capacitado em promover atividade física associada
à conscientização corporal, mostra grandes benefícios em doenças crônicas como
a hipertensão. A experiência mostra grandes evidências de que o fisioterapeuta
é capaz de intervir, entre outras, nas seguintes situações:
- redução dos níveis pressóricos;
- melhora do humor;
- melhora na relação familiar;
- melhora da auto-imagem;
- maior envolvimento das famílias nas ações das equipes básicas de saúde;
- redução da depressão e ansiedade;
- melhora da qualidade de vida como um todo;
- maior aproximação dos pacientes e familiares com os profissionais das equipes de saúde;
- melhor compreensão dos pacientes em relação aos seus direitos e deveres, enquanto cidadãos;
- redução das queixas de dores músculo-articulares;
- redução dos índices de AVC’s;
- incentivo à participação na atividade física de crianças e jovens;
- melhor esclarecimento das patologias, suas conseqüências e riscos;
- redução e/ou minimização das complicações da hipertensão;
A garantia de saúde para todos, preconizada na Constituição Federal de 1988, está diretamente relacionada à implantação e implementação do SUS e ao cumprimento de seus princípios e diretrizes por todos profissionais e órgãos envolvidos. Torna-se evidente a necessidade do profissional fisioterapeuta para a efetivação de um sistema de saúde universal, eqüitativo, objetivando a promoção da saúde, a prevenção de doenças, a educação continuada e a participação popular. Vislumbrando a possibilidade do acesso pleno à saúde pela população, e a concretização das propostas das políticas de Saúde do país, faz-se imprescindível uma transformação radical do modelo de atenção vigente, em prol de uma concepção mais ampla de saúde, e, sobretudo, torna-se indiscutível a urgência da necessidade de capacitação efetiva dos recursos humanos para que o processo de reorganização da atenção básica em saúde, propostas pelo Ministério da Saúde, venha a tornar-se uma realidade indefectível.
- melhora do humor;
- melhora na relação familiar;
- melhora da auto-imagem;
- maior envolvimento das famílias nas ações das equipes básicas de saúde;
- redução da depressão e ansiedade;
- melhora da qualidade de vida como um todo;
- maior aproximação dos pacientes e familiares com os profissionais das equipes de saúde;
- melhor compreensão dos pacientes em relação aos seus direitos e deveres, enquanto cidadãos;
- redução das queixas de dores músculo-articulares;
- redução dos índices de AVC’s;
- incentivo à participação na atividade física de crianças e jovens;
- melhor esclarecimento das patologias, suas conseqüências e riscos;
- redução e/ou minimização das complicações da hipertensão;
A garantia de saúde para todos, preconizada na Constituição Federal de 1988, está diretamente relacionada à implantação e implementação do SUS e ao cumprimento de seus princípios e diretrizes por todos profissionais e órgãos envolvidos. Torna-se evidente a necessidade do profissional fisioterapeuta para a efetivação de um sistema de saúde universal, eqüitativo, objetivando a promoção da saúde, a prevenção de doenças, a educação continuada e a participação popular. Vislumbrando a possibilidade do acesso pleno à saúde pela população, e a concretização das propostas das políticas de Saúde do país, faz-se imprescindível uma transformação radical do modelo de atenção vigente, em prol de uma concepção mais ampla de saúde, e, sobretudo, torna-se indiscutível a urgência da necessidade de capacitação efetiva dos recursos humanos para que o processo de reorganização da atenção básica em saúde, propostas pelo Ministério da Saúde, venha a tornar-se uma realidade indefectível.
A inserção do fisioterapeuta, bem como de outros
profissionais da área da saúde nos programas de saúde, principalmente no PSF irá
aumentar a eficácia e a resolutividade dos problemas de saúde, através de uma
equipe qualificada e apta para promover saúde.
III.I PSF – PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
A
origem do Programa Saúde da Família ou PSF, teve início, em 1994, como um
dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a
atenção básica. O PSF é tido como uma das principais estratégias de
reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste
nível de assistência, promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação.
Traz, portanto, muitos e complexos desafios a serem superados para
consolidar-se enquanto tal. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a
estratégia da saúde da família vai ao encontro dos debates e análises
referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção
à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo
conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que
valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e
atenção integral às pessoas. Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir
um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior,
calcado na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada
e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e
medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado, encontra, em relação
aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), um outro desafio.
Atualmente,
o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa,
visto que o termo programa aponta para uma atividade com início,
desenvolvimento e finalização. O PSF é uma sistemática de reorganização da
atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.
De
acordo com a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, além das características
do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica ficou definido as
características do processo de trabalho da Saúde da Família:
1.
manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos
e utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde
considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e
epidemiológicas do território;
2.
definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento
da área adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com
atualização contínua;
3.
diagnóstico, programação e implementação das atividades
segundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde
mais freqüentes;
4.
prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do
conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor
intervenções que influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das
famílias e da própria comunidade;
5.
trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas
técnicas e profissionais de diferentes formações;
6.
promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando
parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a
promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da gestão
municipal;
7.
valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva
de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de
confiança com ética, compromisso e respeito;
8.
promoção e estímulo à participação da comunidade no controle
social, no planejamento, na execução e na avaliação das ações; e
9.
acompanhamento e avaliação sistemática das ações
implementadas, visando à readequação do processo de trabalho.
Baseado
nesta mesma portaria foi estabelecido que para a implantação das Equipes de
Saúde da Família deva existir (entre outros quesitos) uma equipe
multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, sendo que a
média recomendada é de 3.000. A equipe básica é composta por no mínimo: médico,
enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou técnico de enfermagem) e Agentes
Comunitários de Saúde (em número máximo de 1 ACS para cada 400 pessoas no
urbano e 1 ACS para cada 280 pessoas no rural). Todos os integrantes devem ter
jornada de trabalho de 40 horas semanais, e é função da Administração
Municipal:
“assegurar
o cumprimento de horário integral – jornada de 40 horas semanais – de todos os
profissionais nas equipes de saúde da família, de saúde bucal e de agentes
comunitários de saúde, com exceção daqueles que devem dedicar ao menos 32 horas
de sua carga horária para atividades na equipe de SF e até 8 horas do total de
sua carga horária para atividades de residência multiprofissional e/ou de
medicina de família e de comunidade, ou trabalho em hospitais de pequeno porte,
conforme regulamentação específica da Política Nacional dos Hospitais de
Pequeno Porte.” (II)
Inúmeras
cidades brasileiras contratam outros profissionais como farmacêuticos,
nutricionistas, educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, etc.
A atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional como ação
indispensável no atendimento da população inserida no Programa de Saúde da
Família. Essa é a proposta do projeto de Lei 3256, apresentado em 2004 pelo
deputado Geraldo Resende (PPS-MS). O PL prevê a obrigatoriedade da inserção
desses profissionais nas equipes do PSF, entendendo que essa obrigatoriedade é
fundamental para garantir o acesso à população brasileira aos “meios e técnicas
necessários para a resolução de problemas relacionados a esta especialidade”.
A
fisioterapia poderá dessa forma contribuir em áreas como na saúde da mulher ,
trabalhando com grupos de gestantes dando orientações que irão prepará-las para
o parto, além de desenvolver exercícios respiratórios, necessários para uma
gestação sem riscos. Na saúde do trabalhador dando orientações sobre postura e
investindo na reeducação postural.
III.II – OS
NUCLEOS DE APOIO DA SAÚDE DA FAMILIA
Considerando,
dentre outras questões, o Inciso II do Art. 198 da Constituição da República
Federativa do Brasil, de 1988, que dispõe sobre a integralidade da atenção como
diretriz do Sistema Único de Saúde – SUS, o Ministério da Saúde criou os
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) – através da [Portaria Nº154, de 24
de janeiro de 2008].
Segundo
o Art. 1º da Portaria, os NASF têm por objetivo “ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como
sua resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na
rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a partir da
atenção básica”.
Para
isso, a Portaria classifica os NASF em duas modalidades: NASF 1 e NASF 2. Para
cada uma das modalidades, estipula um mínimo de profissionais de nível
superior, como o Profissional de Educação Física, o Assistente Social, o
Fisioterapeuta, o Fonoaudiólogo, dentre outros, conforme descrito no Art. 3º
(abaixo):
Art. 3º -
Determinar que os NASF estejam classificados em duas modalidades, NASF 1 e NASF
2, ficando vedada a implantação das duas modalidades de forma concomitante nos
Municípios e no Distrito Federal.
§ 1º - O NASF 1 deverá ser composto por, no mínimo cinco
profissionais de nível superior de ocupações não-coincidentes entre as listadas
no § 2º deste artigo.
§ 2º - Para efeito de repasse de recursos federais,
poderão compor os NASF 1 as seguintes ocupações do Código Brasileiro de
Ocupações - CBO: Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional da
Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico
Ginecologista; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
Médico Psiquiatra; e Terapeuta Ocupacional.
§ 3º - O NASF 2 deverá ser composto por no mínimo três
profissionais de nível superior de ocupações não-coincidentes entre as listadas
no § 4º deste artigo.
§ 4º - Para efeito de repasse de recursos federais,
poderão compor os NASF 2 as seguintes ocupações do Código Brasileiro de
Ocupações - CBO: Assistente Social; Profissional da Educação Física;
Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo; e
Terapeuta Ocupacional. (III)
O NASF é
constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de
conhecimento, incluindo o fisioterapeuta, os quais trabalham em parceria com os
profissionais das equipes de Saúde da Família, atuando diretamente no apoio as
equipes e na unidade na qual o NASF está cadastrado. Essa
relação prevê uma revisão da prática do encaminhamento com base nos processos
de referência e contra-referência, ampliando-a para um processo de
acompanhamento longitudinal de responsabilidade da equipe de Atenção
Básica/Saúde da Família, atuando no fortalecimento dos seus atributos e papel
de coordenação do cuidado no SUS.
A
equipe é composta por no mínimo cinco profissionais, definidos pelos gestores
municipais, dentre as seguintes ocupações: Médico Acupunturista, Assistente
Social, Professor de Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta,
Fonoaudiólogo, Médico Ginecologista, Médico Homeopata, Nutricionista, Médico
Pediatra, Psicólogo, Médico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional.
O
seu funcionamento também ocorre paralelamente ao do PSF do município, com carga
horária de 40 hs semanais, podendo envolver dois profissionais com 20hs
semanais cada. É importante destacar que a composição será definida pelos
gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir
das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das
diferentes ocupações, por isso, é necessário um estudo do perfil de cada cidade
a ser implantada. Tendo em vista, a magnitude epidemiológica dos transtornos
mentais, recomenda-se que cada NASF conte com pelo menos 1 (um) profissional da
área de saúde mental.
Um
NASF poderá prestar apoio a equipes de Saúde da Família de mais de um
município, o que chamamos de consórcios entre os municípios menores em
habitantes. Sendo assim, o profissional fisioterapeuta habilitado a atuar na
promoção e proteção da saúde, prevenindo e reabilitando em níveis individual e
coletivo, é de suma importância a sua inserção dentro deste programa. Associado ao
PSF, suas práticas se traduzem em um novo modelo de atenção que abrange e
privilegia toda a comunidade, ganhando resolutividade e efetividade,
valorizando a profissão por todos que são assistidos e os assistem. Tornando os
fisioterapeutas agentes ativos transformadores do processo saúde-doença da
nossa população, o que implica numa melhoria da qualidade de vida de todos.
Os Núcleos surgem com
a proposta de ampliar o escopo de ações da Estratégia de Saúde da Família e,
conseqüentemente, a sua resolubilidade. É importante ressaltar que os Nasf não
se constituirão como porta de entrada do Sistema, atuando de forma integrada
com as equipes de saúde da família e com toda a rede de serviços em saúde.
Haverão duas modalidades de
Núcleos: o Nasf 1 e o Nasf 2. O primeiro deverá ser composto por, no mínimo,
cinco dos profissionais elencados de forma não-coincidente, sendo o Núcleo
vinculado a no mínimo oito equipes de saúde da família e no máximo 20. O Nasf
2, entretanto, será composto por pelo menos três dos profissionais elencados,
com exceção do médico acupunturista, médico homeopata, médico obstetra, médico
pediatra e médico psiquiatra. Essa modalidade será vinculada a, no mínimo, três
equipes de saúde da família, em municípios que tenham densidade municipal menor
que 10hab/Km², podendo haver apenas um Nasf
2 por município. Vale ressaltar que não haverá coincidência de
modalidades de Núcleos numa mesma cidade.
De acordo com o Conselho
Federal:
“A mobilização do Conselho Federal junto ao
Ministério da Saúde foi determinante na participação efetiva da Fisioterapia e
da Terapia Ocupacional nesta política, reafirmando desde o início do projeto as
demandas pujantes da população com relação à saúde funcional e a importância
destes profissionais. De acordo com a vice-presidente do Coffito, esse trabalho
deve continuar. “Vamos continuar o trabalho de convencimento dos gestores
públicos da saúde em todos os municípios do País sobre a importância da atuação
do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional na saúde pública da sociedade
brasileira”, disse. A vice-presidente, que é também conselheira do CNS,
destacou a importância do trabalho em parceria. “Nesse processo sentimos a
coesão entre todas as entidades representativas de classe e mostramos que só
marchando juntos conseguimos atingir os objetivos. Pesamos, estudamos,
discutimos, até chegarmos a um marco histórico como esse; e tudo isso com
respeito e muita responsabilidade com cada cidadão e cidadã brasileiros.” (IV)
IV – FISIOTERAPIA E SAÚDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE BELO
HORIZONTE
A
Atenção Primária à Saúde no SUS-BH tem como estratégia o Programa de Saúde da
Família, com a missão de coordenar um conjunto de intervenções de saúde no
âmbito individual e coletivo, dirigidas a populações de territórios definidos, envolvendo
a promoção, prevenção, vigilância da saúde, diagnóstico, tratamento e
reabilitação.
Em
2009 foram concluídos 20 Centros de Saúde, sendo cinco novos Centros e um Anexo
e 14 foram reformados ou ampliados. Os centros de saúde são equipamentos complexos
que oferecem diversos serviços para a população: Consultas médicas e de
enfermagem, atendimento aos casos agudos e programados, saúde bucal, saúde
mental, núcleo de apoio às equipes de saúde da família, vacinação, curativos,
farmácia, marcação de exames especializados e consultas especializadas, coleta
de exames laboratoriais, grupos operativos, planejamento familiar e zoonoses. No
ano de 2009 foram implantadas 7 novas Equipes de Saúde da Família em áreas de
risco. As ESF são constituídas de 1 médico, 1 enfermeiro, 2 auxiliares de
enfermagem e em torno de 5 Agentes Comunitários de Saúde. Os Agentes
Comunitários de Saúde, através das visitas domiciliares, estão em contato
permanente com a população, conhecendo seus problemas em relação a doenças e sendo
o elo entre a população e as Equipes de Saúde da Família.
Ainda há muito que se avançar no Município de Belo
Horizonte e as entrevistas com profissionais fisioterapeutas envolvidos nos
atendimentos em postos de saúde da
cidade revelaram a sobrecarga de trabalho, baixos salários e necessidade de
estrutura material para um trabalho mais efetivo. Os fisioterapeutas do NASF reclamam da
quantidade grande de postos atendidos por cada equipe, o que acaba por atrapalhar
um acompanhamento mais efetivo aos pacientes.
V -
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL DA ÁREA DA
SAÚDE NA UFMG – PET SAÚDE
O
Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET- Saúde) é uma parceria entre a
Secretaria Municipal de Saúde e a UFMG. O projeto foi criado com o objetivo de capacitar
os profissionais de saúde e estimular os estudantes a desenvolverem trabalhos
para a Atenção Primária; além de produzir conhecimentos voltados para a
melhoria do Sistema Único de Saúde. O foco é o Programa Saúde da Família (PSF)
em suas várias facetas de atendimento, da promoção à saúde ao tratamento
terapêutico.
O
secretário da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde,
Francisco Eduardo de Campos, apresentou o histórico do SUS e seus principais
desafios. Também afirmou a importância da formação e escolha profissional pela
Atenção Primária no fortalecimento da saúde pública.
Este ano e em
2011, o PET- Saúde será desenvolvido em 17 centros de saúde, em sete regionais
da cidade, com a participação de 390 alunos e 78 preceptores - profissionais
que trabalham nas Equipes de Saúde da Família e orientam os alunos
participantes. São seis linhas de pesquisa - Promoção de Modos de Vida
Saudáveis; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde do
Adolescente; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde da
Mulher; Interface Saúde-Ambiente; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de
Vida - Saúde do Idoso e Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida -
Saúde da Criança - e 11 áreas de conhecimentos: Fisioterapia, Nutrição,
Educação Física, Medicina, Enfermagem, Veterinária, Farmácia, Terapia
Ocupacional, Odontologia, Psicologia e Fonoaudiologia.
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a nova
realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos
físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem,
na promoção e na educação em saúde.
O fisioterapeuta
tornou-se um profissional de atuação transformadora na saúde pública e melhores salários, respeito profissional, abertura de
concursos públicos, liberdade profissional e tantos outros avanços ainda são
motes de luta em defesa
do profissional fisioterapeuta e de tantas outras importantes profissões
da Saúde. Todas essas conquistas só
serão possíveis a partir do fortalecimento das organizações e entidades de
classe, e união dos profissionais nessa luta por valorização, que, em ultima
instância, é também uma luta da sociedade como um todo.
VII – ÍNDICE DAS CITAÇÕES:
I - KATO, D. S.; SILVEIRA. E. C.;
SANTOS, E. L.; ISHIKAWA, S. E.; ITO, Avaliação
da importância da fisioterapia na rede primária de atenção à saúde.
Semina, Londrina, v. 15, 1994.
II
- PORTARIA Nº
648/GM DE 28 DE MARÇO DE 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o
Programa Saúde da Família (PSF)
e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
III - Portaria Nº154, de 24 de janeiro de 2008. Cria
os Núcleos de Apoio à Saúde da
Família.
IV – Site do Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional - COFFITO http://www.coffito.org.br/publicacoes/pub_view.asp?cod=1171&psecao=7
VIII - REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
·
CHAMMÉ, S. J. Saúde
e organização social. Marília: UNESP, faculdade de Educação, Filosofia,
Ciências Sociais e da Documentação. 1988.
·
KATO, D. S.; SILVEIRA. E. C.; SANTOS, E. L.; ISHIKAWA, S.
E.; ITO, K. Avaliação da importância da
fisioterapia na rede primária de atenção à saúde. Semina, Londrina, v.
15, 1994.
·
RIBEIRO, K. S. Q. A
atuação da fisioterapia na atenção primária à saúde. Fisioterapia
Brasil, v.3, n.5, p.311-318, 2002
·
PAIN, J. S.; ALVES FILHO, NAOMAR, A. Saúde Coletiva: uma nova saúde pública ou campo aberto a novos
paradigmas? Rev de saúde Pública. São Paulo, v. 32, n.4, p. 299-316,
1998.
·
Constituição ( 1988 ). Constituição da República Federativa do Brasil.
·
IYDA, M. Cem anos de saúde pública: a cidadania negada. São Paulo,
Universidade Estadual Paulista, 1994.
·
ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo, HUCITEC/
Ed. UNESP, ABRASCO, 1994.
·
Site da Universidade Federal de Minas Gerais www .ufmg.br
·
Site da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
www. Pbh.gov.br
FUNDAMENTOS DE FISIOTERAPIA
Fisioterapia Aplicada
às Disfunções
Neurológicas
Cristiene
Miranda
Daniela
Morais
Mariana
Nayara
Rahme
Rudá
Siman
Belo Horizonte
Setembro, 2010
Conteúdo
INTRODUÇÃO
A
Fisioterapia Neurológica tem o objetivo de analisar problemas neurológicos e
determinar tratamentos específicos e adequados para cada paciente.
Os
pacientes com incapacidades neurológicas podem apresentar distúrbios de
movimento complexos e extensos, além de danos sensoriais e cognitivos
necessitando da fisioterapia neurológica.
As
disfunções neurológicas podem ter soluções em dois contextos: do
fisioterapeuta, que identifica os problemas do paciente e utiliza-se de
recursos e técnicas fisioterapêuticas neurológicas para tratamento e do próprio
paciente, que aprende a lidar com o déficit de movimento através de estratégias
compensatórias.
A
recuperação das funções perdidas é o objetivo final da fisioterapia
neurológica.
Essa
área da fisioterapia pode ser dividida em dois grupos: Adulta e Infantil.
Algumas
das patologias abordadas na fisioterapia neurológica são:
•
Pacientes portadores de Paralisia Cerebral;
•
Pacientes com Acidente Vascular Encefálico
(A.V.E);
•
Pacientes com Traumatismos Cranianos (T.C.E);
•
Pacientes com Traumas Raqui-Medulares
(T.R.M); entre outras.
PARALISIA CEREBRAL
É
definida como lesão ou má formação do encéfalo imaturo, é permanente, mas não
progressivo. Leva a alterações permanentes, mas passiveis de mudanças, de
postura e movimentos.
Pode
ocorrer no período pré-natal (pela má formação do cérebro, por doenças -
rubéola e HIV), no período perinatal, durante o nascimento (falta de oxigênio
no tecido nervoso – anóxia –, diminuição de oxigênio para o tecido nervoso –
hipóxia –, entre outros) e no período pós-natal (queda, acidentes em geral,
espancamento, etc.).
A
criança pode apresentar distúrbios neurológicos e sensoriais tais como
distúrbios visuais, auditivos e de deglutição.
A
Paralisia Cerebral pode ser classificada quanto ao tipo de tônus como
espástica, atetose, atáxica e mista (quando ocorre mistura dos diferentes tipos
de tônus).
a) Espástica (70%): é
o quadro mais freqüente. Na criança espástica existe um comprometimento do
sistema Piramidal com a Hipertonia dos músculos. É caracterizado pela lesão do
motoneurônio superior no córtex ou nas vias que terminam na medula espinhal. A
espasticidade aumenta com a tentativa da criança em executar movimentos, o que
faz com que estes sejam bruscos, lentos e anárquicos. Os músculos espásticos
estão em contração contínua, causando aparente fraqueza do seu condutor
antagonista às posições anormais das articulações sobre as quais atuam.
b) Atetose (20%):
comprometimento do sistema extrapiramidal. O sistema muscular é instável e
flutuante; numa ação, apresenta movimentos involuntários de pequena amplitude.
O controle da cabeça é fraco e as respostas a estímulos são instáveis e imprevisíveis.
Apresentam um quadro de flacidez e respiração anormal.
c) Atáxica (10%):
comprometimento do cérebro e vias cerebelares. Manifesta-se por uma falta de
equilíbrio e falta de coordenação motora e em atividades musculares
voluntárias. Há sinais de tremor intencional e disastria. A ataxia pura é rara
e de difícil reconhecimento. Há pouco controle de cabeça e do tronco. A fala é
frequentemente retardada e indistinta, caracteristicamente com a boca aberta e
salivação considerável.
Levando-se
em conta os membros atingidos pelo comprometimento neuromuscular, podemos ter:
a)
Paraplegia: comprometimento dos membros inferiores;
b)
Triplegia: comprometimento de três membros;
c)
Quadriplegia: comprometimento de quatro membros;
d)
Hemiplegia: afetados dois membros do mesmo lado;
e)
Monoplegia: um membro comprometido;
f)
Hemiplegia Dupla: afetados dois membros do mesmo lado, mais um membro superior.
Grau
de incapacidade ligado ao transtorno neuromuscular:
Global
(grau de incapacidade)
|
Motor
Grosso
|
Motor
Fino
|
Cognição
|
Fala
|
Social
|
Leve
|
Marcha Independente
|
Sem prejuízo
|
QI +70
|
Mais de duas
palavras
|
Independente
|
Moderado
|
Marcha com ajuda
|
Função moderada
|
QI 50-70
|
Palavras isoladas
|
Assistido
|
Severo
|
Sem locomoção
|
Sem função
|
QI 50
|
Indistinta
|
Dependente
|
Quadro
conforme Minear (1956)
Existem
três formas de Paralisia cerebral (PC): a espástica, a coreatetósica (distônica)
e a atáxica, sendo a primeira a mais freqüente, podendo assumir três tipos
neurológicos distintos.
·
Forma
hemiplégica (hemiplegia cerebral infantil): é a forma mais
frequente de PC. Na quase totalidade dos casos, só se manifesta a partir do
quinto mês de vida, sendo que, em certos casos, as crianças evoluem com
certeza, normalmente, até o oitavo mês. Este intervalo livre é s devido ao fato
de que o aparecimento do sintoma esta relacionado à maturação da área cerebral
responsável pela função. Nos primeiros meses, a movimentação é basicamente
automática independente dos circuitos corticais, motivo pelo qual a lesão
(cortical) permanece clinicamente silenciosa. De qualquer modo, a época
aproximada do inicio das manifestações clinicas está relacionada com a acurácia
da observação dos pais ou do pediatra que percebe inicialmente que as crianças
mexem ou utilizam menos o membro superior. Com o passar das semanas torna se
nítida a assimetria dos movimentos, sendo que a maior parte das crianças
praticamente não usa o membro comprometido, negligenciando-o completamente. O
comprometimento do membro inferior é, geralmente, menos evidente sendo notado no
momento de aquisição da marcha. De maneira geral a paralisia tende a predominar
no membro superior.
·
Forma
diplégica (doença de Little): caracteriza-se pelo comprometimento quase que exclusivo
dos membros inferiores, sendo que os superiores acham se indenes ou apenas
discretamente afetados. Como na hemiplegia congênita infantil, no primeiros
meses de vida as crianças parecem normais, sendo que, na maioria dos casos, o
que chama a atenção é o atraso do desenvolvimento das atividades motoras: a
criança rola pouco no leito, movimentação das pernas no momento do banho ou na
troca das fraldas não é exuberante; há uma demora da aquisição da posição
sentada e, sobretudo, o apoio plantar é deficiente, fazendo-se com que as
pernas endurecidas com tendência a posição em tesoura e a pisar nas pontas. A
troca de passos é impossível mesmo com ajuda.
·
Forma
tetraplégica: é a forma clinica mais grave de PC na
criança. São os grandes encefalopatas cujo desenvolvimento psicomotor é
praticamente nulo. Permanece deitados com membros superiores em flexão e os
inferiores em extensão. Conseguem, quando o fazem, no máximo, permanecer
sentados com o apoio, atados ao espaldar do leito ou da cadeira de rodas. Não
conseguem manipular objetos ou se alimentar sozinhos. Uma síndrome pseudobulbar,
responsável por distúrbios da deglutição e salivação intensa acha se, via de
regra, presente. A deficiência mental é profunda, a compreensão, extremamente
pobre, nenhuma etapa da linguagem é adquirida. O contato é precário, resumindo
em algumas trocas emotivas, com demonstração de satisfação quando confortadas.
Mais da metade apresentam crises convulsivas geralmente do tipo GM.
Talvez
a forma mais dramática de PC devido à intensa incapacitação motora funcional em
uma criança com inteligência intacta. Ocorre em função de dois fatores
perinatais sempre bem evidentes clinicamente: asfixia neonatal grave e
kernicterus. A incidência de prematuridade é relativamente pouco frequente,
estimada em cerca de 15%.
As crianças nunca se desenvolvem
normalmente, não havendo, pois, nesta forma, intervalo livre. O quadro neurológico
inicial é denominado basicamente por hipotonia intensa, responsável por atraso
importante das aquisições motoras. Entretanto, certo enrijecimento com
tendência ao opistótono por ocasião da manipulação e movimentos anormais da
esfera bucolingual podem ser indicadores precoces de um distúrbio distônico. Este
aparece no segundo semestre de vida, sendo evidenciado no inicio do segundo
ano. Caracterizam-se por atetose e movimento de torção do tronco e do pescoço.
A mímica facial é intensamente comprometida com careteamento constante. Em
função da distonia da linguagem músculo fonatório a emissão da linguagem é
extremamente penosa, sendo mal articulada, quase incompreensível. A manipulação
dos objetos é gravemente perturbada sendo impossível qualquer atividade que
implique motricidade fina, como escrita, costura etc. A marcha penosa pode ser
adquirida numa minoria de caos. Geralmente estas crianças ficam confinadas em
uma cadeira de rodas. A inteligência é quase sempre conservada permitindo uma
escolaridade normal.
Ataxia
cerebelar crônica não evolutiva ode corresponder a diversas entidades
anátomo-clínicas, algumas das quais até geneticamente determinadas. Três grandes
grupos são habitualmente discriminados.
1. Ataxia
diplégica: trata-se, na realidade, da associação de uma síndrome cerebelar
global à diplegia espástica. As implicações etiopatogênicas são as mesmas,
sendo o comprometimento do cerebelo e/ou de suas vias resultante de alterações
hipóxico-isquêmicas.
2. Ataxia
cerebelar pura: forma rara de paralisia cerebral. No inicio, há certa
hipotonia, sendo que os sinais cerebelares emergem no decorrer do 2º ano de
vida, configurando um quadro ataxia global. Geralmente há certo grau de
comprometimento intelectual associado. A anamnese destas crianças é, quase
sempre, negativa. a patogenia desta forma de PC é obscura, sendo que, em alguns
poucos casos autopsiados, revelaram-se malformações (atrofia dos grãos,
agenesia do verme etc.). O exame sistemático com RNM poderá vir a esclarecer
certas situações.
3. Síndrome
do desequilíbrio de Hagberg: estas crianças apresentam-se hipotônicas no
primeiro ano de vida, não atingindo a posição sentada ou em pé nos dois
primeiros anos. Quando se tenta o apoio plantar, segurando-as pelas axilas,
elas literalmente “sentam-se no ar”. Conseguem se sentar sem apoio por volta
dos três anos e se colocam em pé por volta dos quatro, mas esta posições são
extremamente instáveis, sendo que as crianças caem sem esboçar reações de
defesa. Sustentadas pelos pés, no entanto, elas andam com as mãos de modo
coordenado, do mesmo modo que engatinham bem. Não há ataxia apendicular. A
marcha só é adquirida por volta de seis a oito anos.
A
Fisioterapia como parte da equipe multiprofissional tem papel fundamental na
habilitação da criança. Os objetivos da Fisioterapia são adequação do tônus
muscular; inibição dos reflexos patológicos (reflexo tônico cervical
assimétrico; reflexo tônico cervical simétrico e reflexo tônico labiríntico) e
dos reflexos primitivos; para facilitar a aquisição de posturas e de movimento
mais coordenados, harmoniosos com pouco gasto energético, facilitando assim as
atividades de vida diária.
“Um dos principais preconceitos que o
Paralisado Cerebral sofre é o ser confundido com portador de deficiência
mental, por ter dificuldade de comunicação, descoordenação motora, movimentos
involuntários, imagem bizarra pelo tônus muscular anormal, entre outras,
conforme a região do cérebro afetada. A Paralisia Cerebral é conseqüência de
uma lesão do cérebro e não da coluna vertebral, como vimos anteriormente, o que
reforça a falsa idéia de que todos os que portam esse tipo de deficiência são
também portadores de deficiência mental. Além disso, existe uma parcela de
paralisados cerebrais que efetivamente apresentam deficiência mental, o que
reforça ainda mais o preconceito. No entanto, essa incidência é muito rara.”
(Satow, p. 25)
O
acidente vascular cerebral (AVC), ou acidente vascular encefálico (AVE), vulgarmente chamado de derrame cerebral, é
caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do
entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais. É uma doença de início
súbito, que pode ocorrer por dois motivos: isquemia (falta de suprimento
sanguíneo) ou hemorragia (ruptura de vaso sanguíneo).
a) AVC
Isquêmico Trombótico – causado, na maioria das vezes por trombose vascular
b) AVC
Isquêmico Embólico - o material intravascular de origem proximal é liberado e
passa a obstruir um vaso distal.
c) AVC
Isquêmico Lacunar - pequenos ramos penetrantes das artérias cerebrais podem
ficar ocluídos e os infartos resultantes podem ser tão pequenos ou localizados
de tal maneira de modo a não causarem qualquer sintoma.
a) Hemorragia
Intracerebrais – ocorre no parênquima cerebral.
b) Hemorragia
Subaracnóides - o sangue sai de uma artéria rompida e vai para um espaço
subaracnóide.
As
manifestações do AVC costumam ser muito sutis e variadas, sendo extremamente
dependente da região anatômica acometida. O conhecimento básico de anatomia,
uma boa anamnese e um exame físico bem realizado somado aos conhecimentos sobre
cada tipo de Acidente Vascular Cerebral, em quase a totalidade dos casos, são suficientes
para determinar a localização da lesão e a causa subjacente do AVC.
Avaliação:
1) Anamnese
- é uma entrevista realizada pelo médico ao seu paciente, que tem a intenção de ser um
ponto inicial no diagnóstico de uma doença. Em outras palavras, é uma
entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e
à pessoa doente.
·
Queixa principal
·
História da moléstia atual
·
Antecedentes
2) Exame
Físico - * Exame físico geral (acompanha muleta, cadeira de rodas )
·
Sinais
Vitais
3) Exame
Neurológico - * Exame do estado psíquico ( emocional)
·
Motricidade
- Motricidade automática
- Motricidade voluntária
- Motricidade automática
- Motricidade voluntária
Manobras
Deficitárias (realizadas por minuto de olhos fechados)
Reflexos -
Superficiais
- Profundo ou Protopáticos (biciptal, triciptal, patelar, estilo radial e aquileu)
- Reflexos Patológicos
- Profundo ou Protopáticos (biciptal, triciptal, patelar, estilo radial e aquileu)
- Reflexos Patológicos
·
Sinal de Hoffman
- é um sinal
médico que indica a presença ou ausência de problemas no trato corticoespinhal. Ele é realizado com o
pinçamento da falange distal do dedo
médio, exercendo pressão sobre a unha. Uma resposta pósitiva é observada com a flexão da falange
distal do polegar.
·
Sinal de Babinsk - refere-se ao sinal
do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo
do pé). A presença do reflexo (extensão do hálux) é uma reação normal em
crianças até 2 anos de idade. Em adultos indica lesão neurológica. Sua
assimetria, isto é, o fato de ser observado em apenas um dos membros, indica
qual hemisfério cerebral foi lesionado
o
Palmo mentoniano
o
Coordenação
o
Equilíbrio
§ Dinâmico
§ Estático
Tão
logo o paciente esteja ciente de sua situação e da extensão de sua deficiência,
ele é envolvido por muitas emoções diferentes. O fisioterapeuta irá ajudá-lo a
entender o que lhe aconteceu e a responder eficientemente à medida que o
paciente tente se adaptar.
A
reabilitação após o AVC significa ajudar o paciente a usar plenamente toda sua
capacidade, a reassumir sua vida anterior adaptando-se a sua atual situação.
O
fisioterapeuta começará por atividades de mobilidade. Estas atividades o fará
libertar-se de "medos" e "inseguranças" causados pelo
desequilíbrio corporal. Serão realizados exercícios de fortalecimento e
alongamento muscular, treino de equilíbrio e estímulos da sensibilidade.
Muitas
atividades fisioterapêuticas que começaram durante o início da recuperação, são
apropriadamente modificadas para desafiar e fazer com que o paciente possa
progredir até sua recuperação. Serão enfatizadas combinações motoras que
permitem a concretização das tarefas alimentares, higiênicas, locomoção e
outras tarefas funcionais.
1) Definição
2) Resumo Histórico
3) Causas
4) Explicação sobre a
Substância Negra
5) Sintomas
6) Tratamento
A
doença de Parkinson (DP) ou Mal de Parkinson, é uma doença degenerativa,
crônica e progressiva, que acomete em geral pessoas idosas. Ela ocorre pela
perda de neurônios do SNC em uma região conhecida como substância negra (ou
nigra). Os neurônios dessa região sintetizam o neurotransmissor dopamina, cuja
diminuição nessa área provoca sintomas principalmente motores. Entretanto,
também podem ocorrer outros sintomas, como depressão, alterações do sono,
diminuição da memória e distúrbios do sistema nervoso autônomo. Os principais sintomas
motores se manifestam por tremor, rigidez muscular, diminuição da velocidade
dos movimentos e distúrbios do equilíbrio e da marcha.
No
ano de 1817, um médico inglês chamado James Parkinson, membro do Colégio Real
de Cirurgiões, e homem bastante culto para a sua época, publicou sua principal
obra: Um ensaio sobre a paralisia agitante, no qual descreveu os principais
sintomas de uma doença que futuramente viria a ser chamada pelo seu nome.
Charcot
igualmente, desempenhou um papel decisivo na descrição da doença, descrevendo a
rigidez, a micrografia e a disartria, e discordando de Parkinson quanto a
presença de paralisia. Foi também o responsável pela introdução da primeira
droga eficaz.
Com
relação aos fatos históricos relacionados com seu tratamento, sabe-se que das
várias tentativas do passado, drogas anticolinérgicas derivadas da beladona,
introduzidas por Charcot no final do século passado, foram as primeiras que
tiveram alguma eficácia reconhecida. Contudo, apenas no final dos anos 50,
observou-se um progresso real, através de um estudo feito na Suécia onde
ofereceu-se levodopa para ratos intoxicados por reserpina que desenvolveram
parkinsonismo. Observou-se uma melhora expressiva da motricidade desses ratos.
A descoberta da levedopa foi o prenúncio da revolução observada na década
seguinte. No princípio dela, Ehringer e Hornykiewicz afirmaram que o
parkinsoniano devia-se à não-produção de dopamina pela substância negra
mesencefálica. Na segunda metade desta década, Cotzias e Birkmayer, de modo
independente, sugeriram o tratamento da doença de Parkinson com a forma
levógira da dopamina (levodopa). A introdução desta droga provocou um impacto
marcante, com radicais mudanças na vida dos seus sofredores e influenciando
inclusive o prognóstico até então sombrio. Seres humanos petrificados e
tremulantes nos seus leitos, sob ação desta droga voltaram a usufruir de uma
existência digna, fato que foi muito bem exemplificado no filme "Tempo de
Despertar", estrelado pelo Robert de Niro.
Sabe-se
que os sintomas da doença devem-se à degeneração dos neurônios da substância
negra, no entanto, na maioria das vezes, é desconhecido o motivo que leva a
essa degeneração.
A DP
é apenas uma das formas, embora a mais freqüente, de parkinsonismo. O termo
parkinsonismo refere-se a um grupo de doenças que apresentam em comum os mesmos
sintomas, associados ou não a outras manifestações neurológicas. A DP é também
chamada de parkinsonismo primário ou idiopático porque é uma doença para a qual
nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que um
parkinsonismo é secundário quando uma causa pode ser identificada ou quando
está associada a outras doenças degenerativas. Cerca de 2/3 de todas as formas
de parkinsonismo correspondem à forma primária.
O
fator genético exerce influência, mas em números, é pouco representativo neste
mal.
Os
fatores que podem desencadear a síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo, são:
a) Uso exagerado e contínuo
de medicamentos. Um exemplo de substância que pode causar parkinsonismo é a
cinarizina, usada freqüentemente para aliviar tonturas e melhorar a memória, a
qual pode bloquear o receptor que permite a eficácia da dopamina.
b) Trauma craniano
repetitivo. Os lutadores de boxe, por exemplo, podem desenvolver a doença
devido às pancadas que recebem constantemente na cabeça. Isso pode afetar o bom
funcionamento cerebral.
c) Isquemia cerebral. Quando
a artéria que leva sangue à região do cérebro responsável pela produção de
dopamina entope, as células param de funcionar.
d) Freqüentar ambientes
tóxicos, como indústrias de manganês (de baterias por exemplo), de derivados de
petróleo e de inseticidas.
O sistema nervoso é formado
por células (neurônios) que estão conectados entre si através de sinapses
(espaços intercelulares) entre seus prolongamentos (dentritos e axônios). A
disposição dos neurônios assemelha-se a uma rede, onde uma região pode
comunicar-se com outra através de neurotransmissores, que são substâncias ou
moléculas produzidas no corpo celular e transportadas através do axônio até a
sinapse. O neurotransmissor pode excitar (ativar) ou inibir o neurônio
subseqüente.
A substância negra
mesencefálica é chamada assim porque os neurônios localizados no mesencéfalo
que a constituem contêm o pigmento escuro melanina, o qual é produzido
juntamente com a dopamina. Dessa forma, em um corte do cérebro, esta região se
apresentará como uma mancha escura. A substância negra está conectada através
de sinapses, com outro grupo de neurônios que constituem os gânglios da base.
Os gânglios da base são
conjuntos de corpos neuronais localizados no interior do hemisfério cerebral,
cujos principais componentes são o núcleo caudado, o putâmen, o globo pálido, o
núcleo subtalâmico e a própria substância negra. O núcleo caudado, o putâmen e
o globo pálido, podem ser chamados em seu conjunto como corpo estriado, e estão
intimamente relacionados entre si, participando do controle da postura e do
movimento. A dopamina produzida na substância negra funciona como
neurotransmissor inibitório no corpo estriado. Quando um movimento é iniciado
pelo córtex cerebral, os impulsos são transmitidos para o corpo estriado e dali
podem seguir dois caminhos. Quando o movimento é desejado, os neurônios do
corpo estriado aumentam a atividade de neurônios talâmicos e do córtex
cerebral, facilitando a execução dos movimentos. No entanto, se o movimento for
indesejado, ocorre ativação dos neurônios da substância negra, que inibem as
células talâmicas e corticais, inibindo os movimentos. Na Doença de Parkinson,
há uma diminuição das concentrações de dopamina, por isso o corpo estriado
tornar-se excessivamente ativo, dificultando o controle dos movimentos pela
pessoa acometida.
A progressão dos sintomas é
usualmente lenta mas a velocidade com que essa progressão se desenvolve é
bastante variável em cada caso. Os primeiros sintomas da DP têm início de modo
quase imperceptível e progridem lentamente o que faz com que o próprio paciente
ou seus familiares não consigam identificar o início preciso das primeiras
manifestações. O primeiro sinal pode ser uma sensação de cansaço ou mal estar
no fim do dia. A caligrafia pode se tornar menos legível ou diminuir de
tamanho, a fala pode se tornar mais monótona e menos articulada. O paciente
freqüentemente torna-se deprimido sem motivo aparente. Podem ocorrer lapsos de
memória, dificuldade de concentração e irritabilidade. Dores musculares são
comuns, principalmente na região lombar.
Muitas vezes, amigos ou
familiares são os primeiros a notar as primeiras mudanças: um braço ou uma
perna movimenta-se menos do que o outro lado, a expressão facial perde a
espontaneidade (como se fosse uma máscara), diminui a freqüência com que a
pessoa pisca o olho, os movimentos tornam-se mais vagarosos, a pessoa permanece
por mais tempo em determinada posição e parece um tanto rígida.
À medida que a doença
progride, aparecem outros sintomas. O tremor é geralmente o primeiro a ser
notado pelo paciente e acomete primeiramente um dos lados, usualmente uma das
mãos, mas pode se iniciar em um dos pés. Segurar um objeto ou ler o jornal
podem se tornar atividades árduas. O tremor é mais intenso quando o membro
encontra-se em repouso ou durante a marcha e desaparece quando em movimento.
Para a maioria dos pacientes, o tremor é o principal motivo que os leva a
procurar pela primeira vez ajuda médica.
Os sintomas da doença de
Parkinson variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem apresentar
sintomas graves, enquanto outras apresentam apenas alguns sintomas leves. No
início, os sintomas da doença de Parkinson podem afetar apenas um lado do
corpo. Mais tarde, freqüentemente, ambos os lados são afetados. Em geral, os
sintomas mudam com o passar do tempo - A memória e o raciocínio são geralmente
afetados.
O diagnóstico de DP persiste
sendo feito essencialmente em bases clínicas. Tremor, rigidez, bradicinesia e
instabilidade postural de intensidades variáveis individualmente, são os sinais
e sintomas clássicos. Os sintomas são:
a) Tremor: a mão ou o braço
treme. O tremor também pode afetar outras áreas, como a perna, o pé ou o
queixo. Esse tremor pára durante o sono e diminui no movimento.
Caracteristicamente ele inicia assimetricamente, acometendo a extremidade de um
dos membros superiores à frequência de 4-5 ciclos por segundo. Pode ser
comparado com o movimento exibido por caixas de banco, quando estão contando
dinheiro.
b) Rigidez: acontece porque
os músculos não recebem ordem para relaxar. Pode causar dores musculares e
postura encurvada.
c) Bradicinesia: movimentos
lentos. Iniciar movimentos exige um esforço extra, causando problemas para
levantar de cadeiras e de camas. O andar pode limitar-se a passos curtos e
arrastados. Pessoas com esta doença às vezes sentem-se "congeladas",
incapazes de mover-se. As expressões faciais e o balançar os braços enquanto
caminha tornam-se mais vagorosos ou ausentes.
d) Alteração no equilíbrio:
a pessoa anda com a postura levemente curvada para frente, podendo causar
cifose ou provocar quedas (para frente ou para trás).
e) Voz: a pessoa passa a
falar baixo e de maneira monótona.
f) Escrita: a caligrafia
torna-se tremida e pequena.
g) Artralgia: será
encontrada na imensa maioria dos pacientes com DP que já desenvolveram algum
grau de rigidez muscular. Além disso, os pacientes com DP tendem a exteriorizar
níveis de osteoporose superiores àquela detectada em uma população de igual
faixa etária. Nestes pacientes, a melhor alternativa para minimizar os efeitos
da osteoporose, é a melhoria do seu status motor através terapia anti-parkinsoniana
apropriada.
h) Sistema Digestivo e
Urinário: Deglutição e mastigação podem estar comprometidas. Uma vez que os
músculos utilizados na deglutição podem trabalhar de modo mais lento, pode
haver acúmulo de saliva e alimento na boca fazendo o paciente engasgar ou
derramar saliva pela boca. Além disso, alterações urinárias e constipação
intestinal podem ocorrer pelo funcionamento inadequado do sistema nervoso
autônomo. Alguns pacientes apresentam certa dificuldade para controlar o
esfíncter da bexiga antes de uma micção iminente (urgência urinária) enquanto
que outros têm dificulade para iniciar a micção. A obstipação intestinal, ou
prisão de ventre, ocorre porque os movimentos intestinais são mais lentos mas
outros fatores tais como atividade física limitada e dieta inadequada também
podem ser responsáveis.
i) Determinados movimentos
involuntários automáticos, são gradualmente abolidos durante a evolução da DP.
As pálpebras, por exemplo, ficam indolentes, piscando cada vez menos.
j) Braços que não balançam ao
deambular (andar): resulta em uma marcha típica. No início da doença é comum
que apenas um braço se movimente enquanto o outro fica imóvel. Posteriormente,
ambos tornam-se imóveis.
k) Depressão e déficit
cognitivo: A depressão é um sintoma bastante freqüente e pode ocorrer cedo na
evolução da doença, mesmo antes dos primeiros sintomas serem notados.
Provavelmente relacionada à redução de um neurotransmissor chamado serotonina.
Alterações emocionais são comuns. Pacientes podem sentir-se inseguros e temerosos
quando submetidos a alguma situação nova. Podem evitar sair ou viajar e muitos
tendem a retrair-se e evitar contatos sociais. Alguns perdem a motivação e
tornam-se excessivamente dependentes de familiares. Alterações da memória,
geralmente na forma de "esquecimentos" ou "brancos"
momentâneos são comuns. O raciocínio torna-se mais lento e pode haver
dificuldades específicas em atividades que requerem organização espacial.
Entretanto, de modo geral, as funções intelectuais e a capacidade de julgamento
estão preservadas.
Um critério importante para
se diferenciar a genuína doença de Parkinson de outras formas de parkinsonismo,
é a resposta a levodopa. Salvo raras exceções, os indivíduos com DP responderão
favoravelmente ao medicamento, o que nem sempre ocorre no parkinsonismo
secundário. No entanto, a melhora do quadro clínico de um indivíduo na fase
inicial de DP, onde geralmente se observa apenas leve tremor unilateral pode
não ser verificada e não está indicada.
Podemos
dividir as estratégias de tratamento da DP em (1) medidas não-farmacológicas,
(2) medidas farmacológicas e (3) tratamento cirúrgico.
As
medidas não-farmacológicas compreendem uma série de hábitos e medidas de valor
especial na DP por minimizar algumas de suas complicações. Devemos deixar claro
que estas medidas não atenuam a gravidade da doença ou impedem sua progressão,
mas mantém o indivíduo melhor preparado para enfrentar as alterações orgânicas
e psicológicas decorrentes da consunção e insuficiência motora típicas desta
enfermidade. Tais medidas são: (i) a educação, (ii) o tratamento de suporte,
(iii) o exercício e (iv) nutrição.
O
paciente precisa ser informado da natureza de sua doença, sua causa e a relação
com o tratamento a ser instituído.
O
suporte psicológico médico e familiar deve ser estimulado. Metade dos pacientes
com DP desenvolvem depressão, que será tratada com anti-depressivos
(preferencialmente os tricíclicos) e/ou terapia de apoio. Outras alternativas
valorosas são os grupos de apoio, o aconselhamento financeiro (quando a
enfermidade acomete o principal responsável pelo orçamento familiar) e a
terapia ocupacional.
Sabe-se
que a DP não se restringe apenas a transtornos da motricidade; alterações
psíquicas decorrentes tanto da dificuldade em se iniciar movimento, quanto das
mudanças neuroquímicas induzidas por deficiência de dopamina ou pela ação dos
medicamentos utilizados e pela nova visão que o paciente tem do meio, são
responsáveis pela grande prevalência de depressão reativa entre estes
indivíduos. Por estes motivos, não devemos delegar todas as tarefas de suporte,
inclusive psicológico, a outros profissionais e esquecer o papel fundamental do
médico. Uma sólida relação entre um profissional seguro, confiante e empático,
que demonstre estar efetivamente preocupado com o paciente e aqueles que o
cercam; animando, esclarecendo e reconfortando durante as consultas, tem uma
eficácia tão ou mais poderosa que as drogas antidepressivas.
Por
um outro lado, exercícios não impedem a progressão da doença, mas mantém um
estado de funcionamento muscular e osteo-articular conveniente.Nós já sabemos
que anos de evolução de rigidez e bradicinesia produzem alterações patológicas
ósseas (osteoporose e artrose) responsáveis por uma incapacidade funcional
ainda mais limitante. Além disso, o bom impacto dos exercícios sobre a
disposição e o humor são pontos favoráveis a esta terapia.
Desnutrição
e perda de peso são observados em grande parcela dos pacientes. Nenhuma dieta
especial é necessária nos quadros leves e moderados, além do cuidado em se ter
refeições saudáveis e balanceadas, indistinguíveis das que seriam convenientes
a todos nós. Boas refeições, ricas em cálcio e fibras, produzem um melhor
estado orgânico, bem-estar geral, prevenção de osteoporose e de constipação
intestinal.
Na
doença avançada, as proteínas ingeridas geram na luz intestinal aminoácidos que
competem com a absorção da levodopa. Esta competição leva a uma absorção
errática da l-dopa e níveis séricos inconstantes, o que contribui para o agravo
das flutuações motoras. Neste estágio, dieta hipoproteica está indicada. Este
programa alimentar na verdade não diminui o aporte proteico, mas o concentra
nas refeições após as 18:00 horas. Assim, a dieta com baixo teor de proteínas
ao longo do dia não interfere na absorção de levodopa, e o equilíbrio
nutricional pode ser reestabelecido à noite.
Considerando
as alternativas farmacológicas disponíveis, pode-se afirmar que o arsenal
medicamentoso antiparkinsoniano da atualidade, limita-se as seguintes opções:
1.
selegilina;
2. amantadina;
3.
anticolinérgicos;
4.
levodopa;
5.
agonistas dopaminérgicos.
Quanto
a levodopa, inicialmente frisamos que continua sendo a principal forma de
tratamento da doença de Parkinson idiopática. Seu emprego associa-se a menor
morbi-mortalidade, e virtualmente todos os pacientes beneficiar-se-ão de seu
uso. Por quase trinta anos, tem sido administrada a milhões de pacientes com
DP. No princípio era empregada pura, e altas doses enterais eram necessárias
para que uma ínfima parcela atingisse o SNC. Além disso, a rápida conversão
periférica de l-dopa em dopamina pela dopa-descarboxilase, resultava em
desagradáveis efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e hipotensão
ortostática. Porém, com o passar dos anos, descobriram-se substâncias
antagônicas de dopa-descarboxilase, permitindo que doses menores fossem
utilizadas e maior eficácia terapêutica obtida. Inibidores de
dopa-descarboxilase estão em voga desde há cerca de 30 anos, sendo mister
reconhecer o papel histórico que tiveram na melhoria da qualidade de vida dos
pacientes com DP. Dois deles estão disponíveis em produtos comerciais
associados à levodopa e são oferecidos mundialmente: carbidopa (Sinemet®) e
benzerazida (Prolopa®).
Porém,
a vulnerabilidade da levodopa fica patente quando se contempla os graves
sintomas neuro-psiquiátricos associados com seu uso prolongado.
O
uso crônico de doses terapêuticas de levodopa provoca, inevitavelmente, os
efeitos colaterais: (i) flutuações motoras, (ii) discinesias e (iii) distúrbios
psiquiátricos. Estes péssimos efeitos da terapia prolongada, geralmente remitem
após suspensão do medicamento ou redução da dose. Curiosamente, não há
evidências experimentais de verdadeira toxicidade por levodopa em pesquisas in
vivo. De fato, o que se tem notado é que este intrigante fármaco possui
propriedades químicas neuroprotetoras62. Entretanto, o surgimento destes
transtornos após períodos variáveis de tempo, é um fato inequívoco e deve dar
lugar a consideração sobre as vantagens da continuidade da levodopoterapia.
A
abordagem cirúrgica da doença de Parkinson tem quase um século. Portanto, muito
antes da introdução de medicação dopaminérgica, cirurgias já eram executadas para
tratar tremor, rigidez e bradicinesia, com graus variáveis de sucesso.
O
tratamento cirúrgico da DP pode ser dividido em três categorias maiores: (i)
técnicas lesionais, (ii) estimulação cerebral e (iii) transplantes.
1. A talamotomia é uma
técnica indicada no tremor. Pode proporcionar uma redução de 80% da intensidade
do tremor, em especial se este for predominante em um dimídio. As complicações
incluem apraxia do membro superior, disartria, disfagia, abulia 73, distúrbios
da fala e da linguagem, principalmente nas intervenções bilaterais 71.
2. A palidotomia
estereotática do globo pálido interno é o procedimento cirúrgico de escolha no
tratamento de discinesias induzidas por levodopa, promovendo uma notável
melhora deste sintoma. Há relatos de complicações como disfunção cognitiva,
disfagia, disartria, hemianopsia lateral homônima, hemiparesia transitória,
abscesso intracraniano e hemorragia subcortical e palidal.
Há uma grande semelhança nos
efeitos clínicos obtidos com lesão cirúrgica e estímulo cerebral profundo. Tal
fato sugere que a estimulação elétrica crônica atue de forma a romper ou inibir
a atividade neuronal.
Além
de ser um método seguro, a estimulação cerebral profunda possui a vantagem de
poder ser regulada ou mesmo suspensa, ao contrário das técnicas lesionais. Da
mesma forma, não impede que o paciente possa futuramente obter proveito de
novas abordagens.
O
eletrodo, sustentado por uma bateria subcutânea que dura de 3 a 5 anos, pode
ser implantado no núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno. Há certa
evidência de que a estimulação do núcleo subtalâmico produza melhores
resultados. Ao atenuar as discinesias, a estimulação subtalâmica permite o
aumento da dose de levodopa e melhorar os sintomas parkinsonianos.
Independentemente da ação da levodopa, melhora da bradicinesia e do tremor pode
ser observada 79-81. As complicações encontradas são disartria e alterações do
equilíbrio 82. O alto custo desta forma de tratamento é um de seus principais
fatores limitantes. Além disso, a estimulação cerebral profunda é um método
recente e seus benefícios e riscos concretos ainda não foram satisfatoriamente
analisados.
O
auto-transplante de células da medula adrenal, como repositório da depleção
dopaminérgica nigro-estriatal foi abandonado, devido à indiferença de seus
resultados, reflexo da curta sobrevivência das células transportadas no núcleo
caudado ou putâmen.
Uma
alternativa recente muito mais atraente e que vem obtendo resultados gratificantes
é o alotransplante de células medulares adrenais ou mesencefálicas de fetos,
sendo o último o local mais pesquisado.
A
compreensão de modelo de incapacidade como o proposto pela OMS pode ser usada
como base para organizar e interpretar a avaliação fisioterápica do paciente e
desenvolver um plano adequado de intervenção.
Apesar do tratamento medicamentoso e cirúrgico, o portador de DP
desenvolve deficiências progressiva em todos os estágios da doença , o papel do
fisioterapeuta é maximizar as habilidades funcionais e minimizar as
complicações secundárias,por meio da reabilitação do movimento dentro de um
contexto de educação e suporte para o indivíduo como um todo. O profissional
não pode perder de vista a necessidade de instrumentalizar os pacientes e os
cuidadores a fim de que eles tenham participação ativa no processo terapêutico
e possam desenvolver algum controle sobre a doença.
Resumidamente, o fisioterapeuta tem distintas formas de
atuação para alcançar suas metas. O tratamento fisioterápico pode ser
instituído mediante programas regulares de exercício preventivo ou corretivo;
de treinamento funcional especifico, inclusive com uso de estratégia voltadas
para o ciclo on-off quando necessário; de adaptação ambiental e
de programa domiciliares. Tais formas de atuação não são excludentes e devem
ser associadas para a obtenção de melhores resultados. A abordagem
fisioterápica pode envolver também a atuação ou supervisão direta, indireta ou
periódica do profissional, além de lidas com o paciente individualmente ou em
grupo.
ANDRADE
LUIZ, et al. Doença de Parkinson estratégia atuais de tratamento
www.doencadeparkinson.com.br/resumodp.htm
ROSEMBERG
SÉRGIO, Neuropediatria