FISIOTERAPIAUFMG2010/1

Fundamentos de Fisioterapia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
FUNDAMENTOS DE FISIOTERAPIA
PROFESSORA CAMILA TEIXEIRA VAZ








 FISIOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA






ALUNOS:  IAMÍ RANE  PEREIRA LOBATO  SILVA  / 2010049874
                   FERNANDO ALVES LUCENA / 2010049840        
                    LUANA ASSIS DE CARVALHO / 2010050066
                    JOYCE CRISTINA CÂNDIDO / 2010049939         


I – INTRODUÇÃO

            Até pouco tempo atrás o profissional fisioterapeuta apresentava pouco destaque profissional na atenção primária à saúde, sendo que, os currículos dos cursos de fisioterapia existentes no Brasil claramente priorizavam a ação curativa em detrimento do modelo assistencial vigente, dificultando de sobremaneira a inserção do fisioterapeuta na Saúde Pública.                                                                                          Uma mudança paradigmática no conceito de saúde ao longo das ultimas  décadas, principalmente no tocante ao modelo de saúde adotado, que passa de um modelo hospitalocentrico, curativo e reabilitador, para um modelo assistencial promotor da saúde, preventivo e principalmente contando com a participação popular e a interdisciplinaridade dos diferentes profissionais da saúde. Neste sentido, vem-se hoje, compreendendo a saúde não como o avesso da doença, mas como a busca do equilíbrio do ser humano, devendo, portanto, romper os estreitos limites da assistência meramente curativa e do profissional puramente técnico.             Assim, pode-se, hoje, visualizar a importância da inserção do profissional fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde, desenvolvendo suas atividades em interação com uma equipe multiprofissional e de forma interdisciplinar, não somente restrito aos níveis determinados de assistência a saúde, inclusive e de maneira muito positiva, nas Unidades Básicas de Saúde da Família.           
            O Sistema Único de Saúde tem, nos últimos anos, graças a um conjunto estrutural de mudanças conceituais e políticas, avançando nos propósitos de universalização, descentralização e ampliação de cobertura dos serviços de saúde, não obstante a persistência de desafios que ainda entravam a garantia da qualidade, equidade e resolutividade da assistência ambulatorial e hospitalar, principalmente, pela falta de profissionais habilitados a prestar assistência integral de saúde.                                                 
     A realização das pesquisas para o desenvolvimento do Seminário sobre Saúde Pública  e  Atuação do Profissional Fisioterapeuta neste  contexto revelou a carência de estudos científicos concernentes a este tema, principalmente devido ao  caráter recente  das mudanças,  revelando,  assim, ser  esse,  além de um importante  espaço que vem  se  abrindo, do ponto de  vista profissional, uma interessante  gama de possibilidades de pesquisa acadêmica  e  desenvolvimento de  teses que em muito podem contribuir para a efetiva inserção do profissional fisioterapeuta  nesse  novo  paradigma que hora se nos apresenta.                                                                                                                                
 O presente trabalho tem por objetivo principal o estabelecimento de uma análise mais pormenorizada do Conceito hodierno de Saúde Pública, com  ênfase nas mais  variadas formas de atuação do profissional de fisioterapia dentro de um contexto de multidisciplinaridade profissional e abrangência  desse conceito, que, a priori, representa um avanço para os  mais  diversos campos profissionais da  saúde  e, conseqüentemente, para a sociedade como um todo.                                                          
     Pelas próprias limitações bibliográficas existentes, houve a  necessidade de saída a campo para a busca de respostas aos questionamentos que se  apresentavam  no  processo de construção do trabalho e, para tanto, o grupo não ficou restrito às poucas opções de pesquisa bibliográfica  existentes (principalmente textos de Internet e artigos de pequeno porte), buscando conversar com profissionais fisioterapeutas e coordenadores de programas de Saúde da Família, NASF, PET – Saúde, Legislações vigentes,  etc.                                                                                                               
          Todo esse processo resultou  em uma experiência profundamente gratificante, possibilitando, para  além  do simples aprendizado do  conteúdo  pesquisado, a  compreensão um pouco mais ampla da realidade da Saúde Pública no Brasil e, em especial, da situação do profissional fisioterapeuta, que vem  ganhando espaço, merecido por sua importância.  Muito se tem avançado, mas muito ainda há  de ser feito para a efetiva consolidação da Fisioterapia  no contexto da Saúde Pública.                                                      
II – HISTÓRICO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

            A saúde no Brasil praticamente inexistiu nos tempos de colônia. O modelo exploratório nem pensava nessas coisas. O pajé, com suas ervas e cantos, e os boticários, que viajavam pelo Brasil Colônia, eram as únicas formas de assistência à saúde. Para se ter uma idéia, em 1789, havia no Rio de Janeiro, apenas quatro médicos.
            Com a chegada da família real portuguesa em 1808, as necessidades da corte forçaram a criação as duas primeiras escolas de medicina do país: o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram essas as únicas medidas governamentais até a República.
            Foi no primeiro governo de Rodrigues Alves (1902-1906) que houve a primeira medida sanitarista no país. O Rio de Janeiro não tinha nenhuma medida de saneamento básico e, assim, várias doenças graves como varíola, malária, febre amarela e até a peste espalhavam-se facilmente. O presidente então nomeou o médico Oswaldo Cruz para dar um jeito no problema. Numa ação policialesca, o sanitarista convocou 1.500 pessoas para ações que invadiam as casas, queimavam roupas e colchões. Sem nenhum tipo de ação educativa, a população foi ficando cada vez mais indignada. E o auge do conflito foi a instituição de uma vacinação anti-varíola. A população saiu às ruas e iniciou a Revolta da Vacina. Oswaldo Cruz acabou afastado.                                                    
   Pouco foi feito em relação à saúde depois desse período, apenas com a chegada dos imigrantes europeus, que formaram a primeira massa de operários do Brasil, começou-se a discutir, obviamente com fortes formas de pressão como greves e manifestações, um modelo de assistência médica para a população pobre. Assim, em 1923, surge a lei Elói Chaves, criando as Caixas de Aposentadoria e Pensão. Essas instituições eram mantidas pelas empresas que passaram a oferecer esses serviços aos seus funcionários. A União não participava das caixas. A primeira delas foi a dos ferroviários. Elas tinham entre suas atribuições, além da assistência médica ao funcionário e a família, concessão de preços especiais para os medicamentos, aposentadorias e pensões para os herdeiros. Detalhe, essas caixas só valiam para os funcionários urbanos.                                                                                                      
    Esse modelo começa a mudar a partir da Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas toma o poder. É criado o Ministério da Educação e Saúde e as caixas são substituídas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que, por causa do modelo sindicalista de Vargas, passam a ser dirigidos por entidades sindicais e não mais por empresas como as antigas caixas. Suas atribuições são muito semelhantes às das caixas, prevendo assistência médica. Quanto ao ministério, ele tomou medidas sanitaristas como a criação de órgãos de combate a endemias e normativos para ações sanitaristas.                                                                                                                                     
    Dos anos 40 a 1964, início da ditadura militar no Brasil, uma das discussões sobre saúde pública brasileira se baseou na unificação dos IAPs como forma de tornar o sistema mais abrangente. É de 1960, a Lei Orgânica da Previdência Social, que unificava os IAPs em um regime único para todos os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o que excluía trabalhadores rurais, empregados domésticos e funcionários públicos. É a primeira vez que, além da contribuição dos trabalhadores e das empresas, se definia efetivamente uma contribuição do Erário Público.                                                                       
     Durante a transição democrática, finalmente a saúde pública passa a ter uma fiscalização da sociedade. Em 1981, ainda sob a égide dos militares, é criado o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp). Com o fim do regime militar, surgem outros órgãos que incluem a participação da sociedade civil como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems).                                                   
   Se de um lado, a sociedade civil começou a ser mais ouvida, do outro, o sistema privado de saúde, que havia se beneficiado da política anterior, teve que arranjar outras alternativas. É nesse período que se cria e se fortalece o subsistema de atenção médico-suplementar. Em outras palavras começa a era dos convênios médicos. Surgem cinco modalidades diferentes de assistência médica suplementar: medicina de grupo, cooperativas médicas, auto-gestão, seguro-saúde e plano de administração.                             
    A classe média, principal alvo destes grupos, adere rapidamente, respondendo contra as falhas da saúde pública. O crescimento dos planos é vertiginoso. Em 1989, já contabilizam mais de 31 mil brasileiros, ou 22% da população, faturando US$ 2,4 bilhões.                                                               
  Ao lado dessas mudanças, os constituintes da transição democrática começaram a criar um novo sistema de saúde, que mudou os parâmetros da saúde pública no Brasil, o SUS, que tem como conceito básico a universalização do atendimento à saúde, surgiu por meio da Constituição de 1988 e é regido por outras duas leis: a 8.080/90, que dá as linhas gerais do que seria esse atendimento, e a 8.142/90, que regulariza a participação da sociedade na fiscalização do sistema.                                                                                A Constituição de 1988 mudou o modelo da saúde no Brasil. Antes, saúde pública era apenas para os incluídos. Os indigentes ou mesmo quem não colaborava com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) não podia ser atendido pelos órgãos públicos. Ficavam na mão dos particulares ou das fundações filantrópicas. O SUS universalizou o atendimento. 
            No mundo, existem dois modelos de oferta de saúde pública adotado pelos governos, a universal e a segmentada. Resumidamente, eles podem ser definidos como:
·         Universal – deve atingir amplamente e irrestritamente a todos os cidadãos, independentemente da classe social, com financiamento público e alcançando uma enorme gama de vertentes da saúde. O sistema privado ficaria com a parte suplementar, por exemplo, tratamentos e procedimentos específicos.           
·         Segmentada – atinge nichos distintos da sociedades, por exemplo, os mais pobres ou um determinado grupo profissional. Aí, o público e o privado se misturam na sociedade, tanto na questão do financiamento, quanto no atendimento. Digamos que um completa o outro.
            O modelo vigente no Brasil, como na maioria dos países, é o universal. Todo mundo, não importa a classe social, pode e deve ser atendido em um pronto-socorro, fazer consultas com especialistas, fazer o pré-natal e o parto, exames laboratoriais, entre outros procedimentos. Tudo de graça. Além disso, também cabe ao SUS outras atribuições como a fiscalização dos medicamentos, a produção de remédios, o combate a doenças epidemiológicas, o apoio a pesquisas científicas e a contribuições em questões de saneamento básico, fiscalizar alimentos e bebidas etc.

III  - O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE PÚBLICA

            “A partir da analise da mudança do perfil epidemiológico da população, verifica-se a necessidade de uma atuação ampla da rede de atenção básica, além do campo das doenças infecciosas, mas também nas áreas crônico-degenerativas e traumáticas. Para tanto é importante uma redefinição nos aspectos de espaço físico e no perfil dos profissionais que irão atuar na equipe de saúde, no sentido de promoção, prevenção, educação, controle social e reabilitação desta nova demanda que se apresenta.” (I)  

            Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças crônicas e degenerativas. Estas mudanças no perfil epidemiológico da população se devem, principalmente, ao aumento da expectativa média de vida da população.                         
  O envelhecimento da população é um dos maiores desafios das últimas décadas. Embora a velhice não seja sinônima de doença, com a idade aumenta o risco de comprometimento funcional e perda de qualidade de vida. A avaliação funcional dos idosos, com acompanhamento do profissional fisioterapeuta, torna-se essencial para estabelecer um diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico adequado que subsidiarão as decisões sobre os tratamentos e cuidados necessários com o idoso.               
A fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a nova realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e na educação em saúde.                                  
      O fisioterapeuta tornou-se um profissional de atuação transformadora na saúde pública, mais especificamente no paciente hipertenso, com o qual se tem não simplesmente o dever, mas uma forte preocupação em não apenas reduzir índices pressóricos, e sim os de internação hospitalar. Mas, preventivamente, o fisioterapeuta atua fortemente com o intuito de abrandar as complicações da hipertensão, da saúde mental, promovendo permanentes mudanças positivas na qualidade de vida dos indivíduos envolvidos.                                                                                        
           A estimulação à participação em uma atividade física, orientada de forma adequada por um profissional que seja capacitado em promover atividade física associada à conscientização corporal, mostra grandes benefícios em doenças crônicas como a hipertensão. A experiência mostra grandes evidências de que o fisioterapeuta é capaz de intervir, entre outras, nas seguintes situações:
- redução dos níveis pressóricos;      
- melhora do humor;  
- melhora na relação familiar;
- melhora da auto-imagem;   
- maior envolvimento das famílias nas ações das equipes básicas de saúde;          
- redução da depressão e ansiedade;
- melhora da qualidade de vida como um todo;      
- maior aproximação dos pacientes e familiares com os profissionais das equipes de saúde;         
- melhor compreensão dos pacientes em relação aos seus direitos e deveres, enquanto cidadãos;
- redução das queixas de dores músculo-articulares;           
- redução dos índices de AVC’s;     
- incentivo à participação na atividade física de crianças e jovens; 
- melhor esclarecimento das patologias, suas conseqüências e riscos;         
- redução e/ou minimização das complicações da hipertensão;       

            A garantia de saúde para todos, preconizada na Constituição Federal de 1988, está diretamente relacionada à implantação e implementação do SUS e ao cumprimento de seus princípios e diretrizes por todos profissionais e órgãos envolvidos. Torna-se evidente a necessidade do profissional fisioterapeuta para a efetivação de um sistema de saúde universal, eqüitativo, objetivando a promoção da saúde, a prevenção de doenças, a educação continuada e a participação popular.                                                 Vislumbrando a possibilidade do acesso pleno à saúde pela população, e a concretização das propostas das políticas de Saúde do país, faz-se imprescindível uma transformação radical do modelo de atenção vigente, em prol de uma concepção mais ampla de saúde, e, sobretudo, torna-se indiscutível a urgência da necessidade de capacitação efetiva dos recursos humanos para que o processo de reorganização da atenção básica em saúde, propostas pelo Ministério da Saúde, venha a tornar-se uma realidade indefectível.                                                                                                 
A inserção do fisioterapeuta, bem como de outros profissionais da área da saúde nos programas de saúde, principalmente no PSF irá aumentar a eficácia e a resolutividade dos problemas de saúde, através de uma equipe qualificada e apta para promover saúde.

III.I  PSF – PROGRAMA  DE SAÚDE DA FAMÍLIA

            A origem do Programa Saúde da Família ou PSF, teve início, em 1994, como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção básica. O PSF é tido como uma das principais estratégias de reorganização dos serviços e de reorientação das práticas profissionais neste nível de assistência, promoção da saúde, prevenção de doenças e reabilitação. Traz, portanto, muitos e complexos desafios a serem superados para consolidar-se enquanto tal. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a estratégia da saúde da família vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. Estes pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior, calcado na supervalorização das práticas da assistência curativa, especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimentos tecnológicos e medicamentosos e, sobretudo, na fragmentação do cuidado, encontra, em relação aos recursos humanos para o Sistema Único de Saúde (SUS), um outro desafio.                                                                                    
 Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. O PSF é uma sistemática de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização.                                                   
 De acordo com a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, além das características do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica ficou definido as características do processo de trabalho da Saúde da Família:
1.     manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e utilizar, de forma sistemática, os dados para a análise da situação de saúde considerando as características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do território;
2.     definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento da área adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização contínua;
3.     diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo critérios de risco à saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais freqüentes;
4.     prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da estrutura e da funcionalidade das famílias que visa propor intervenções que influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias e da própria comunidade;
5.     trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações;
6.     promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e integrando projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde, de acordo com prioridades e sob a coordenação da gestão municipal;
7.     valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso e respeito;
8.     promoção e estímulo à participação da comunidade no controle social, no planejamento, na execução e na avaliação das ações; e
9.     acompanhamento e avaliação sistemática das ações implementadas, visando à readequação do processo de trabalho.
            Baseado nesta mesma portaria foi estabelecido que para a implantação das Equipes de Saúde da Família deva existir (entre outros quesitos) uma equipe multiprofissional responsável por, no máximo, 4.000 habitantes, sendo que a média recomendada é de 3.000. A equipe básica é composta por no mínimo: médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou técnico de enfermagem) e Agentes Comunitários de Saúde (em número máximo de 1 ACS para cada 400 pessoas no urbano e 1 ACS para cada 280 pessoas no rural).                                                                             Todos os integrantes devem ter jornada de trabalho de 40 horas semanais, e é função da Administração Municipal:

            “assegurar o cumprimento de horário integral – jornada de 40 horas semanais – de todos os profissionais nas equipes de saúde da família, de saúde bucal e de agentes comunitários de saúde, com exceção daqueles que devem dedicar ao menos 32 horas de sua carga horária para atividades na equipe de SF e até 8 horas do total de sua carga horária para atividades de residência multiprofissional e/ou de medicina de família e de comunidade, ou trabalho em hospitais de pequeno porte, conforme regulamentação específica da Política Nacional dos Hospitais de Pequeno Porte.” (II)

            Inúmeras cidades brasileiras contratam outros profissionais como farmacêuticos, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, etc.                                                                                              
A atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional como ação indispensável no atendimento da população inserida no Programa de Saúde da Família. Essa é a proposta do projeto de Lei 3256, apresentado em 2004 pelo deputado Geraldo Resende (PPS-MS). O PL prevê a obrigatoriedade da inserção desses profissionais nas equipes do PSF, entendendo que essa obrigatoriedade é fundamental para garantir o acesso à população brasileira aos “meios e técnicas necessários para a resolução de problemas relacionados a esta especialidade”.                                                                                             
 A fisioterapia poderá dessa forma contribuir em áreas como na saúde da mulher , trabalhando com grupos de gestantes dando orientações que irão prepará-las para o parto, além de desenvolver exercícios respiratórios, necessários para uma gestação sem riscos. Na saúde do trabalhador dando orientações sobre postura e investindo na reeducação postural.

III.II – OS  NUCLEOS  DE APOIO  DA SAÚDE DA FAMILIA

            Considerando, dentre outras questões, o Inciso II do Art. 198 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, que dispõe sobre a integralidade da atenção como diretriz do Sistema Único de Saúde – SUS, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) – através da [Portaria Nº154, de 24 de janeiro de 2008].                                                                                                    
  Segundo o Art. 1º da Portaria, os NASF têm por objetivo “ampliar a abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade, apoiando a inserção da estratégia de Saúde da Família na rede de serviços e o processo de territorialização e regionalização a partir da atenção básica”.                                            
  Para isso, a Portaria classifica os NASF em duas modalidades: NASF 1 e NASF 2. Para cada uma das modalidades, estipula um mínimo de profissionais de nível superior, como o Profissional de Educação Física, o Assistente Social, o Fisioterapeuta, o Fonoaudiólogo, dentre outros, conforme descrito no Art. 3º (abaixo):

Art. 3º - Determinar que os NASF estejam classificados em duas modalidades, NASF 1 e NASF 2, ficando vedada a implantação das duas modalidades de forma concomitante nos Municípios e no Distrito Federal.
§ 1º - O NASF 1 deverá ser composto por, no mínimo cinco profissionais de nível superior de ocupações não-coincidentes entre as listadas no § 2º deste artigo.
§ 2º - Para efeito de repasse de recursos federais, poderão compor os NASF 1 as seguintes ocupações do Código Brasileiro de Ocupações - CBO: Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional da Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; e Terapeuta Ocupacional.
§ 3º - O NASF 2 deverá ser composto por no mínimo três profissionais de nível superior de ocupações não-coincidentes entre as listadas no § 4º deste artigo.
§ 4º - Para efeito de repasse de recursos federais, poderão compor os NASF 2 as seguintes ocupações do Código Brasileiro de Ocupações - CBO: Assistente Social; Profissional da Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo; e Terapeuta Ocupacional. (III)
            O NASF é constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, incluindo o fisioterapeuta, os quais trabalham em parceria com os profissionais das equipes de Saúde da Família, atuando diretamente no apoio as equipes e na unidade na qual o NASF está cadastrado.                  Essa relação prevê uma revisão da prática do encaminhamento com base nos processos de referência e contra-referência, ampliando-a para um processo de acompanhamento longitudinal de responsabilidade da equipe de Atenção Básica/Saúde da Família, atuando no fortalecimento dos seus atributos e papel de coordenação do cuidado no SUS.                                                                                                                    
 A equipe é composta por no mínimo cinco profissionais, definidos pelos gestores municipais, dentre as seguintes ocupações: Médico Acupunturista, Assistente Social, Professor de Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Médico Ginecologista, Médico Homeopata, Nutricionista, Médico Pediatra, Psicólogo, Médico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional.                                                            
O seu funcionamento também ocorre paralelamente ao do PSF do município, com carga horária de 40 hs semanais, podendo envolver dois profissionais com 20hs semanais cada. É importante destacar que a composição será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações, por isso, é necessário um estudo do perfil de cada cidade a ser implantada. Tendo em vista, a magnitude epidemiológica dos transtornos mentais, recomenda-se que cada NASF conte com pelo menos 1 (um) profissional da área de saúde mental.                                     
Um NASF poderá prestar apoio a equipes de Saúde da Família de mais de um município, o que chamamos de consórcios entre os municípios menores em habitantes. Sendo assim, o profissional fisioterapeuta habilitado a atuar na promoção e proteção da saúde, prevenindo e reabilitando em níveis individual e coletivo, é de suma importância a sua inserção dentro deste programa.                                                                  Associado ao PSF, suas práticas se traduzem em um novo modelo de atenção que abrange e privilegia toda a comunidade, ganhando resolutividade e efetividade, valorizando a profissão por todos que são assistidos e os assistem. Tornando os fisioterapeutas agentes ativos transformadores do processo saúde-doença da nossa população, o que implica numa melhoria da qualidade de vida de todos.                             
Os Núcleos surgem com a proposta de ampliar o escopo de ações da Estratégia de Saúde da Família e, conseqüentemente, a sua resolubilidade. É importante ressaltar que os Nasf não se constituirão como porta de entrada do Sistema, atuando de forma integrada com as equipes de saúde da família e com toda a rede de serviços em saúde.                 
 Haverão duas modalidades de Núcleos: o Nasf 1 e o Nasf 2. O primeiro deverá ser composto por, no mínimo, cinco dos profissionais elencados de forma não-coincidente, sendo o Núcleo vinculado a no mínimo oito equipes de saúde da família e no máximo 20. O Nasf 2, entretanto, será composto por pelo menos três dos profissionais elencados, com exceção do médico acupunturista, médico homeopata, médico obstetra, médico pediatra e médico psiquiatra. Essa modalidade será vinculada a, no mínimo, três equipes de saúde da família, em municípios que tenham densidade municipal menor que 10hab/Km², podendo haver apenas um Nasf  2 por município. Vale ressaltar que não haverá coincidência de modalidades de Núcleos numa mesma cidade.
De acordo  com o  Conselho  Federal:
            “A mobilização do Conselho Federal junto ao Ministério da Saúde foi determinante na participação efetiva da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional nesta política, reafirmando desde o início do projeto as demandas pujantes da população com relação à saúde funcional e a importância destes profissionais. De acordo com a vice-presidente do Coffito, esse trabalho deve continuar. “Vamos continuar o trabalho de convencimento dos gestores públicos da saúde em todos os municípios do País sobre a importância da atuação do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional na saúde pública da sociedade brasileira”, disse. A vice-presidente, que é também conselheira do CNS, destacou a importância do trabalho em parceria. “Nesse processo sentimos a coesão entre todas as entidades representativas de classe e mostramos que só marchando juntos conseguimos atingir os objetivos. Pesamos, estudamos, discutimos, até chegarmos a um marco histórico como esse; e tudo isso com respeito e muita responsabilidade com cada cidadão e cidadã brasileiros.” (IV)

IV – FISIOTERAPIA E SAÚDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE

            A Atenção Primária à Saúde no SUS-BH tem como estratégia o Programa de Saúde da Família, com a missão de coordenar um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo, dirigidas a populações de territórios definidos, envolvendo a promoção, prevenção, vigilância da saúde, diagnóstico, tratamento e reabilitação.                       
Em 2009 foram concluídos 20 Centros de Saúde, sendo cinco novos Centros e um Anexo e 14 foram reformados ou ampliados. Os centros de saúde são equipamentos complexos que oferecem diversos serviços para a população: Consultas médicas e de enfermagem, atendimento aos casos agudos e programados, saúde bucal, saúde mental, núcleo de apoio às equipes de saúde da família, vacinação, curativos, farmácia, marcação de exames especializados e consultas especializadas, coleta de exames laboratoriais, grupos operativos, planejamento familiar e zoonoses.                                           No ano de 2009 foram implantadas 7 novas Equipes de Saúde da Família em áreas de risco. As ESF são constituídas de 1 médico, 1 enfermeiro, 2 auxiliares de enfermagem e em torno de 5 Agentes Comunitários de Saúde. Os Agentes Comunitários de Saúde, através das visitas domiciliares, estão em contato permanente com a população, conhecendo seus problemas em relação a doenças e sendo o elo entre a população e as Equipes de Saúde da Família.                                                                                
Ainda  há muito que se avançar no Município de Belo Horizonte e as entrevistas com profissionais fisioterapeutas envolvidos nos atendimentos em postos de  saúde da cidade revelaram a sobrecarga de trabalho, baixos salários e necessidade de estrutura material para um trabalho mais efetivo.  Os fisioterapeutas do NASF reclamam da quantidade grande de postos atendidos por cada equipe, o que acaba por atrapalhar um acompanhamento mais efetivo aos pacientes.

V  -  PROGRAMA  DE  EDUCAÇÃO TUTORIAL DA  ÁREA DA  SAÚDE NA  UFMG – PET SAÚDE

            O Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde (PET- Saúde) é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e a UFMG. O projeto foi criado com o objetivo de capacitar os profissionais de saúde e estimular os estudantes a desenvolverem trabalhos para a Atenção Primária; além de produzir conhecimentos voltados para a melhoria do Sistema Único de Saúde. O foco é o Programa Saúde da Família (PSF) em suas várias facetas de atendimento, da promoção à saúde ao tratamento terapêutico.                  
O secretário da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Francisco Eduardo de Campos, apresentou o histórico do SUS e seus principais desafios. Também afirmou a importância da formação e escolha profissional pela Atenção Primária no fortalecimento da saúde pública.           
          Este ano e em 2011, o PET- Saúde será desenvolvido em 17 centros de saúde, em sete regionais da cidade, com a participação de 390 alunos e 78 preceptores - profissionais que trabalham nas Equipes de Saúde da Família e orientam os alunos participantes. São seis linhas de pesquisa - Promoção de Modos de Vida Saudáveis; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde do Adolescente; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde da Mulher; Interface Saúde-Ambiente; Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde do Idoso e Avaliação das linhas de Cuidado Por Ciclos de Vida - Saúde da Criança - e 11 áreas de conhecimentos: Fisioterapia, Nutrição, Educação Física, Medicina, Enfermagem, Veterinária, Farmácia, Terapia Ocupacional, Odontologia, Psicologia e Fonoaudiologia.        
VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS
            A fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a nova realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e na educação em saúde.                                                                                                     
 O fisioterapeuta tornou-se um profissional de atuação transformadora na saúde pública e melhores salários, respeito profissional, abertura de concursos públicos, liberdade profissional e tantos outros avanços ainda são motes  de luta  em defesa  do profissional fisioterapeuta e de tantas outras importantes profissões da Saúde.  Todas essas conquistas só serão possíveis a partir do fortalecimento das organizações e entidades de classe, e união dos profissionais nessa luta por valorização, que, em ultima instância, é também uma luta da sociedade como um todo.












VII – ÍNDICE DAS CITAÇÕES:

I - KATO, D. S.; SILVEIRA. E. C.; SANTOS, E. L.; ISHIKAWA, S. E.; ITO,              Avaliação da importância da fisioterapia na rede primária de atenção à saúde. Semina, Londrina, v. 15, 1994.
II  - PORTARIA Nº 648/GM DE 28 DE MARÇO DE 2006.  Aprova a Política   Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas       para    a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família            (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS).   

III  - Portaria Nº154, de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à          Saúde da Família.

IV – Site do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional -    COFFITO              http://www.coffito.org.br/publicacoes/pub_view.asp?cod=1171&psecao=7                                                                               









VIII  -  REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS

·         CHAMMÉ, S. J. Saúde e organização social. Marília: UNESP, faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e da Documentação. 1988.

·         KATO, D. S.; SILVEIRA. E. C.; SANTOS, E. L.; ISHIKAWA, S. E.; ITO, K. Avaliação da importância da fisioterapia na rede primária de atenção à saúde. Semina, Londrina, v. 15, 1994.

·         RIBEIRO, K. S. Q. A atuação da fisioterapia na atenção primária à saúde. Fisioterapia Brasil, v.3, n.5, p.311-318, 2002

·         PAIN, J. S.; ALVES FILHO, NAOMAR, A. Saúde Coletiva: uma nova saúde pública ou campo aberto a novos paradigmas? Rev de saúde Pública. São Paulo, v. 32, n.4, p. 299-316, 1998.

·         Constituição ( 1988 ). Constituição da República Federativa do Brasil.

·         IYDA, M. Cem anos de saúde pública: a cidadania negada. São Paulo, Universidade Estadual Paulista, 1994.

·         ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo, HUCITEC/ Ed. UNESP, ABRASCO, 1994.

·         Site  da  Universidade Federal de Minas Gerais  www .ufmg.br

·         Site  da  Prefeitura Municipal de Belo  Horizonte  www. Pbh.gov.br




FUNDAMENTOS DE FISIOTERAPIA



Fisioterapia Aplicada
às Disfunções
Neurológicas





Cristiene Miranda
Daniela Morais
Mariana
Nayara Rahme
Rudá Siman


Belo Horizonte
Setembro, 2010

Conteúdo








INTRODUÇÃO


A Fisioterapia Neurológica tem o objetivo de analisar problemas neurológicos e determinar tratamentos específicos e adequados para cada paciente.
Os pacientes com incapacidades neurológicas podem apresentar distúrbios de movimento complexos e extensos, além de danos sensoriais e cognitivos necessitando da fisioterapia neurológica.
As disfunções neurológicas podem ter soluções em dois contextos: do fisioterapeuta, que identifica os problemas do paciente e utiliza-se de recursos e técnicas fisioterapêuticas neurológicas para tratamento e do próprio paciente, que aprende a lidar com o déficit de movimento através de estratégias compensatórias.
A recuperação das funções perdidas é o objetivo final da fisioterapia neurológica.
Essa área da fisioterapia pode ser dividida em dois grupos: Adulta e Infantil.
Algumas das patologias abordadas na fisioterapia neurológica são:

          Pacientes portadores de Paralisia Cerebral;
          Pacientes com Acidente Vascular Encefálico (A.V.E);
          Pacientes com Traumatismos Cranianos (T.C.E);
          Pacientes com Traumas Raqui-Medulares (T.R.M); entre outras.

PARALISIA CEREBRAL


É definida como lesão ou má formação do encéfalo imaturo, é permanente, mas não progressivo. Leva a alterações permanentes, mas passiveis de mudanças, de postura e movimentos.
Pode ocorrer no período pré-natal (pela má formação do cérebro, por doenças - rubéola e HIV), no período perinatal, durante o nascimento (falta de oxigênio no tecido nervoso – anóxia –, diminuição de oxigênio para o tecido nervoso – hipóxia –, entre outros) e no período pós-natal (queda, acidentes em geral, espancamento, etc.).
A criança pode apresentar distúrbios neurológicos e sensoriais tais como distúrbios visuais, auditivos e de deglutição.
A Paralisia Cerebral pode ser classificada quanto ao tipo de tônus como espástica, atetose, atáxica e mista (quando ocorre mistura dos diferentes tipos de tônus).

a)    Espástica (70%): é o quadro mais freqüente. Na criança espástica existe um comprometimento do sistema Piramidal com a Hipertonia dos músculos. É caracterizado pela lesão do motoneurônio superior no córtex ou nas vias que terminam na medula espinhal. A espasticidade aumenta com a tentativa da criança em executar movimentos, o que faz com que estes sejam bruscos, lentos e anárquicos. Os músculos espásticos estão em contração contínua, causando aparente fraqueza do seu condutor antagonista às posições anormais das articulações sobre as quais atuam.
b)    Atetose (20%): comprometimento do sistema extrapiramidal. O sistema muscular é instável e flutuante; numa ação, apresenta movimentos involuntários de pequena amplitude. O controle da cabeça é fraco e as respostas a estímulos são instáveis e imprevisíveis. Apresentam um quadro de flacidez e respiração anormal.
c)    Atáxica (10%): comprometimento do cérebro e vias cerebelares. Manifesta-se por uma falta de equilíbrio e falta de coordenação motora e em atividades musculares voluntárias. Há sinais de tremor intencional e disastria. A ataxia pura é rara e de difícil reconhecimento. Há pouco controle de cabeça e do tronco. A fala é frequentemente retardada e indistinta, caracteristicamente com a boca aberta e salivação considerável.

Levando-se em conta os membros atingidos pelo comprometimento neuromuscular, podemos ter:

a) Paraplegia: comprometimento dos membros inferiores;
b) Triplegia: comprometimento de três membros;
c) Quadriplegia: comprometimento de quatro membros;
d) Hemiplegia: afetados dois membros do mesmo lado;
e) Monoplegia: um membro comprometido;
f) Hemiplegia Dupla: afetados dois membros do mesmo lado, mais um membro superior.
Grau de incapacidade ligado ao transtorno neuromuscular:
Global (grau de incapacidade)
Motor Grosso
Motor Fino
Cognição
Fala
Social
Leve
Marcha Independente
Sem prejuízo
QI +70
Mais de duas palavras
Independente
Moderado
Marcha com ajuda
Função moderada
QI 50-70
Palavras isoladas
Assistido
Severo
Sem locomoção
Sem função
QI 50
Indistinta
Dependente
Quadro conforme Minear (1956)

Existem três formas de Paralisia cerebral (PC): a espástica, a coreatetósica (distônica) e a atáxica, sendo a primeira a mais freqüente, podendo assumir três tipos neurológicos distintos.


·         Forma hemiplégica (hemiplegia cerebral infantil): é a forma mais frequente de PC. Na quase totalidade dos casos, só se manifesta a partir do quinto mês de vida, sendo que, em certos casos, as crianças evoluem com certeza, normalmente, até o oitavo mês. Este intervalo livre é s devido ao fato de que o aparecimento do sintoma esta relacionado à maturação da área cerebral responsável pela função. Nos primeiros meses, a movimentação é basicamente automática independente dos circuitos corticais, motivo pelo qual a lesão (cortical) permanece clinicamente silenciosa. De qualquer modo, a época aproximada do inicio das manifestações clinicas está relacionada com a acurácia da observação dos pais ou do pediatra que percebe inicialmente que as crianças mexem ou utilizam menos o membro superior. Com o passar das semanas torna se nítida a assimetria dos movimentos, sendo que a maior parte das crianças praticamente não usa o membro comprometido, negligenciando-o completamente. O comprometimento do membro inferior é, geralmente, menos evidente sendo notado no momento de aquisição da marcha. De maneira geral a paralisia tende a predominar no membro superior.
·         Forma diplégica (doença de Little): caracteriza-se pelo comprometimento quase que exclusivo dos membros inferiores, sendo que os superiores acham se indenes ou apenas discretamente afetados. Como na hemiplegia congênita infantil, no primeiros meses de vida as crianças parecem normais, sendo que, na maioria dos casos, o que chama a atenção é o atraso do desenvolvimento das atividades motoras: a criança rola pouco no leito, movimentação das pernas no momento do banho ou na troca das fraldas não é exuberante; há uma demora da aquisição da posição sentada e, sobretudo, o apoio plantar é deficiente, fazendo-se com que as pernas endurecidas com tendência a posição em tesoura e a pisar nas pontas. A troca de passos é impossível mesmo com ajuda.
·         Forma tetraplégica: é a forma clinica mais grave de PC na criança. São os grandes encefalopatas cujo desenvolvimento psicomotor é praticamente nulo. Permanece deitados com membros superiores em flexão e os inferiores em extensão. Conseguem, quando o fazem, no máximo, permanecer sentados com o apoio, atados ao espaldar do leito ou da cadeira de rodas. Não conseguem manipular objetos ou se alimentar sozinhos. Uma síndrome pseudobulbar, responsável por distúrbios da deglutição e salivação intensa acha se, via de regra, presente. A deficiência mental é profunda, a compreensão, extremamente pobre, nenhuma etapa da linguagem é adquirida. O contato é precário, resumindo em algumas trocas emotivas, com demonstração de satisfação quando confortadas. Mais da metade apresentam crises convulsivas geralmente do tipo GM.


Talvez a forma mais dramática de PC devido à intensa incapacitação motora funcional em uma criança com inteligência intacta. Ocorre em função de dois fatores perinatais sempre bem evidentes clinicamente: asfixia neonatal grave e kernicterus. A incidência de prematuridade é relativamente pouco frequente, estimada em cerca de 15%.
            As crianças nunca se desenvolvem normalmente, não havendo, pois, nesta forma, intervalo livre. O quadro neurológico inicial é denominado basicamente por hipotonia intensa, responsável por atraso importante das aquisições motoras. Entretanto, certo enrijecimento com tendência ao opistótono por ocasião da manipulação e movimentos anormais da esfera bucolingual podem ser indicadores precoces de um distúrbio distônico. Este aparece no segundo semestre de vida, sendo evidenciado no inicio do segundo ano. Caracterizam-se por atetose e movimento de torção do tronco e do pescoço. A mímica facial é intensamente comprometida com careteamento constante. Em função da distonia da linguagem músculo fonatório a emissão da linguagem é extremamente penosa, sendo mal articulada, quase incompreensível. A manipulação dos objetos é gravemente perturbada sendo impossível qualquer atividade que implique motricidade fina, como escrita, costura etc. A marcha penosa pode ser adquirida numa minoria de caos. Geralmente estas crianças ficam confinadas em uma cadeira de rodas. A inteligência é quase sempre conservada permitindo uma escolaridade normal.


Ataxia cerebelar crônica não evolutiva ode corresponder a diversas entidades anátomo-clínicas, algumas das quais até geneticamente determinadas. Três grandes grupos são habitualmente discriminados.
1.    Ataxia diplégica: trata-se, na realidade, da associação de uma síndrome cerebelar global à diplegia espástica. As implicações etiopatogênicas são as mesmas, sendo o comprometimento do cerebelo e/ou de suas vias resultante de alterações hipóxico-isquêmicas.
2.    Ataxia cerebelar pura: forma rara de paralisia cerebral. No inicio, há certa hipotonia, sendo que os sinais cerebelares emergem no decorrer do 2º ano de vida, configurando um quadro ataxia global. Geralmente há certo grau de comprometimento intelectual associado. A anamnese destas crianças é, quase sempre, negativa. a patogenia desta forma de PC é obscura, sendo que, em alguns poucos casos autopsiados, revelaram-se malformações (atrofia dos grãos, agenesia do verme etc.). O exame sistemático com RNM poderá vir a esclarecer certas situações.
3.    Síndrome do desequilíbrio de Hagberg: estas crianças apresentam-se hipotônicas no primeiro ano de vida, não atingindo a posição sentada ou em pé nos dois primeiros anos. Quando se tenta o apoio plantar, segurando-as pelas axilas, elas literalmente “sentam-se no ar”. Conseguem se sentar sem apoio por volta dos três anos e se colocam em pé por volta dos quatro, mas esta posições são extremamente instáveis, sendo que as crianças caem sem esboçar reações de defesa. Sustentadas pelos pés, no entanto, elas andam com as mãos de modo coordenado, do mesmo modo que engatinham bem. Não há ataxia apendicular. A marcha só é adquirida por volta de seis a oito anos.

A Fisioterapia como parte da equipe multiprofissional tem papel fundamental na habilitação da criança. Os objetivos da Fisioterapia são adequação do tônus muscular; inibição dos reflexos patológicos (reflexo tônico cervical assimétrico; reflexo tônico cervical simétrico e reflexo tônico labiríntico) e dos reflexos primitivos; para facilitar a aquisição de posturas e de movimento mais coordenados, harmoniosos com pouco gasto energético, facilitando assim as atividades de vida diária.
“Um dos principais preconceitos que o Paralisado Cerebral sofre é o ser confundido com portador de deficiência mental, por ter dificuldade de comunicação, descoordenação motora, movimentos involuntários, imagem bizarra pelo tônus muscular anormal, entre outras, conforme a região do cérebro afetada. A Paralisia Cerebral é conseqüência de uma lesão do cérebro e não da coluna vertebral, como vimos anteriormente, o que reforça a falsa idéia de que todos os que portam esse tipo de deficiência são também portadores de deficiência mental. Além disso, existe uma parcela de paralisados cerebrais que efetivamente apresentam deficiência mental, o que reforça ainda mais o preconceito. No entanto, essa incidência é muito rara.” (Satow, p. 25)


O acidente vascular cerebral (AVC), ou acidente vascular encefálico (AVE),  vulgarmente chamado de derrame cerebral, é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente do entupimento ou rompimento de vasos sanguíneos cerebrais. É uma doença de início súbito, que pode ocorrer por dois motivos: isquemia (falta de suprimento sanguíneo) ou hemorragia (ruptura de vaso sanguíneo).


a)    AVC Isquêmico Trombótico – causado, na maioria das vezes por trombose vascular
b)    AVC Isquêmico Embólico - o material intravascular de origem proximal é liberado e passa a obstruir um vaso distal.
c)    AVC Isquêmico Lacunar - pequenos ramos penetrantes das artérias cerebrais podem ficar ocluídos e os infartos resultantes podem ser tão pequenos ou localizados de tal maneira de modo a não causarem qualquer sintoma.


a)    Hemorragia Intracerebrais – ocorre no parênquima cerebral.
b)    Hemorragia Subaracnóides - o sangue sai de uma artéria rompida e vai para um espaço subaracnóide.

As manifestações do AVC costumam ser muito sutis e variadas, sendo extremamente dependente da região anatômica acometida. O conhecimento básico de anatomia, uma boa anamnese e um exame físico bem realizado somado aos conhecimentos sobre cada tipo de Acidente Vascular Cerebral, em quase a totalidade dos casos, são suficientes para determinar a localização da lesão e a causa subjacente do AVC.

Avaliação:
1)    Anamnese - é uma entrevista realizada pelo médico ao seu paciente, que tem a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico de uma doença. Em outras palavras, é uma entrevista que busca relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.

·         Queixa principal
·         História da moléstia atual
·         Antecedentes

2)    Exame Físico - * Exame físico geral (acompanha muleta, cadeira de rodas )
·          Sinais Vitais

3)    Exame Neurológico - * Exame do estado psíquico ( emocional)
·          Motricidade
 - Motricidade automática
 - Motricidade voluntária

Manobras Deficitárias (realizadas por minuto de olhos fechados)
                                               
Reflexos                                                                                                                                                                             - Superficiais
- Profundo ou Protopáticos (biciptal, triciptal, patelar, estilo radial e aquileu)
- Reflexos Patológicos      

·         Sinal de Hoffman - é um sinal médico que indica a presença ou ausência de problemas no trato corticoespinhal. Ele é realizado com o pinçamento da falange distal do dedo médio, exercendo pressão sobre a unha. Uma resposta pósitiva é observada com a flexão da falange distal do polegar.
·         Sinal de Babinsk - refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo do pé). A presença do reflexo (extensão do hálux) é uma reação normal em crianças até 2 anos de idade. Em adultos indica lesão neurológica. Sua assimetria, isto é, o fato de ser observado em apenas um dos membros, indica qual hemisfério cerebral foi lesionado
o   Palmo mentoniano
o    Coordenação
o    Equilíbrio
§   Dinâmico
§   Estático

Tão logo o paciente esteja ciente de sua situação e da extensão de sua deficiência, ele é envolvido por muitas emoções diferentes. O fisioterapeuta irá ajudá-lo a entender o que lhe aconteceu e a responder eficientemente à medida que o paciente tente se adaptar.
A reabilitação após o AVC significa ajudar o paciente a usar plenamente toda sua capacidade, a reassumir sua vida anterior adaptando-se a sua atual situação.
O fisioterapeuta começará por atividades de mobilidade. Estas atividades o fará libertar-se de "medos" e "inseguranças" causados pelo desequilíbrio corporal. Serão realizados exercícios de fortalecimento e alongamento muscular, treino de equilíbrio e estímulos da sensibilidade.
Muitas atividades fisioterapêuticas que começaram durante o início da recuperação, são apropriadamente modificadas para desafiar e fazer com que o paciente possa progredir até sua recuperação. Serão enfatizadas combinações motoras que permitem a concretização das tarefas alimentares, higiênicas, locomoção e outras tarefas funcionais.

1) Definição
2) Resumo Histórico
3) Causas
4) Explicação sobre a Substância Negra
5) Sintomas
6) Tratamento
A doença de Parkinson (DP) ou Mal de Parkinson, é uma doença degenerativa, crônica e progressiva, que acomete em geral pessoas idosas. Ela ocorre pela perda de neurônios do SNC em uma região conhecida como substância negra (ou nigra). Os neurônios dessa região sintetizam o neurotransmissor dopamina, cuja diminuição nessa área provoca sintomas principalmente motores. Entretanto, também podem ocorrer outros sintomas, como depressão, alterações do sono, diminuição da memória e distúrbios do sistema nervoso autônomo. Os principais sintomas motores se manifestam por tremor, rigidez muscular, diminuição da velocidade dos movimentos e distúrbios do equilíbrio e da marcha.
No ano de 1817, um médico inglês chamado James Parkinson, membro do Colégio Real de Cirurgiões, e homem bastante culto para a sua época, publicou sua principal obra: Um ensaio sobre a paralisia agitante, no qual descreveu os principais sintomas de uma doença que futuramente viria a ser chamada pelo seu nome.
Charcot igualmente, desempenhou um papel decisivo na descrição da doença, descrevendo a rigidez, a micrografia e a disartria, e discordando de Parkinson quanto a presença de paralisia. Foi também o responsável pela introdução da primeira droga eficaz.
Com relação aos fatos históricos relacionados com seu tratamento, sabe-se que das várias tentativas do passado, drogas anticolinérgicas derivadas da beladona, introduzidas por Charcot no final do século passado, foram as primeiras que tiveram alguma eficácia reconhecida. Contudo, apenas no final dos anos 50, observou-se um progresso real, através de um estudo feito na Suécia onde ofereceu-se levodopa para ratos intoxicados por reserpina que desenvolveram parkinsonismo. Observou-se uma melhora expressiva da motricidade desses ratos. A descoberta da levedopa foi o prenúncio da revolução observada na década seguinte. No princípio dela, Ehringer e Hornykiewicz afirmaram que o parkinsoniano devia-se à não-produção de dopamina pela substância negra mesencefálica. Na segunda metade desta década, Cotzias e Birkmayer, de modo independente, sugeriram o tratamento da doença de Parkinson com a forma levógira da dopamina (levodopa). A introdução desta droga provocou um impacto marcante, com radicais mudanças na vida dos seus sofredores e influenciando inclusive o prognóstico até então sombrio. Seres humanos petrificados e tremulantes nos seus leitos, sob ação desta droga voltaram a usufruir de uma existência digna, fato que foi muito bem exemplificado no filme "Tempo de Despertar", estrelado pelo Robert de Niro.
Sabe-se que os sintomas da doença devem-se à degeneração dos neurônios da substância negra, no entanto, na maioria das vezes, é desconhecido o motivo que leva a essa degeneração.
A DP é apenas uma das formas, embora a mais freqüente, de parkinsonismo. O termo parkinsonismo refere-se a um grupo de doenças que apresentam em comum os mesmos sintomas, associados ou não a outras manifestações neurológicas. A DP é também chamada de parkinsonismo primário ou idiopático porque é uma doença para a qual nenhuma causa conhecida foi identificada. Por outro lado, diz-se que um parkinsonismo é secundário quando uma causa pode ser identificada ou quando está associada a outras doenças degenerativas. Cerca de 2/3 de todas as formas de parkinsonismo correspondem à forma primária.
O fator genético exerce influência, mas em números, é pouco representativo neste mal.
Os fatores que podem desencadear a síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo, são:
a) Uso exagerado e contínuo de medicamentos. Um exemplo de substância que pode causar parkinsonismo é a cinarizina, usada freqüentemente para aliviar tonturas e melhorar a memória, a qual pode bloquear o receptor que permite a eficácia da dopamina.
b) Trauma craniano repetitivo. Os lutadores de boxe, por exemplo, podem desenvolver a doença devido às pancadas que recebem constantemente na cabeça. Isso pode afetar o bom funcionamento cerebral.
c) Isquemia cerebral. Quando a artéria que leva sangue à região do cérebro responsável pela produção de dopamina entope, as células param de funcionar.
d) Freqüentar ambientes tóxicos, como indústrias de manganês (de baterias por exemplo), de derivados de petróleo e de inseticidas.
O sistema nervoso é formado por células (neurônios) que estão conectados entre si através de sinapses (espaços intercelulares) entre seus prolongamentos (dentritos e axônios). A disposição dos neurônios assemelha-se a uma rede, onde uma região pode comunicar-se com outra através de neurotransmissores, que são substâncias ou moléculas produzidas no corpo celular e transportadas através do axônio até a sinapse. O neurotransmissor pode excitar (ativar) ou inibir o neurônio subseqüente.
A substância negra mesencefálica é chamada assim porque os neurônios localizados no mesencéfalo que a constituem contêm o pigmento escuro melanina, o qual é produzido juntamente com a dopamina. Dessa forma, em um corte do cérebro, esta região se apresentará como uma mancha escura. A substância negra está conectada através de sinapses, com outro grupo de neurônios que constituem os gânglios da base.
Os gânglios da base são conjuntos de corpos neuronais localizados no interior do hemisfério cerebral, cujos principais componentes são o núcleo caudado, o putâmen, o globo pálido, o núcleo subtalâmico e a própria substância negra. O núcleo caudado, o putâmen e o globo pálido, podem ser chamados em seu conjunto como corpo estriado, e estão intimamente relacionados entre si, participando do controle da postura e do movimento. A dopamina produzida na substância negra funciona como neurotransmissor inibitório no corpo estriado. Quando um movimento é iniciado pelo córtex cerebral, os impulsos são transmitidos para o corpo estriado e dali podem seguir dois caminhos. Quando o movimento é desejado, os neurônios do corpo estriado aumentam a atividade de neurônios talâmicos e do córtex cerebral, facilitando a execução dos movimentos. No entanto, se o movimento for indesejado, ocorre ativação dos neurônios da substância negra, que inibem as células talâmicas e corticais, inibindo os movimentos. Na Doença de Parkinson, há uma diminuição das concentrações de dopamina, por isso o corpo estriado tornar-se excessivamente ativo, dificultando o controle dos movimentos pela pessoa acometida.
A progressão dos sintomas é usualmente lenta mas a velocidade com que essa progressão se desenvolve é bastante variável em cada caso. Os primeiros sintomas da DP têm início de modo quase imperceptível e progridem lentamente o que faz com que o próprio paciente ou seus familiares não consigam identificar o início preciso das primeiras manifestações. O primeiro sinal pode ser uma sensação de cansaço ou mal estar no fim do dia. A caligrafia pode se tornar menos legível ou diminuir de tamanho, a fala pode se tornar mais monótona e menos articulada. O paciente freqüentemente torna-se deprimido sem motivo aparente. Podem ocorrer lapsos de memória, dificuldade de concentração e irritabilidade. Dores musculares são comuns, principalmente na região lombar.
Muitas vezes, amigos ou familiares são os primeiros a notar as primeiras mudanças: um braço ou uma perna movimenta-se menos do que o outro lado, a expressão facial perde a espontaneidade (como se fosse uma máscara), diminui a freqüência com que a pessoa pisca o olho, os movimentos tornam-se mais vagarosos, a pessoa permanece por mais tempo em determinada posição e parece um tanto rígida.
À medida que a doença progride, aparecem outros sintomas. O tremor é geralmente o primeiro a ser notado pelo paciente e acomete primeiramente um dos lados, usualmente uma das mãos, mas pode se iniciar em um dos pés. Segurar um objeto ou ler o jornal podem se tornar atividades árduas. O tremor é mais intenso quando o membro encontra-se em repouso ou durante a marcha e desaparece quando em movimento. Para a maioria dos pacientes, o tremor é o principal motivo que os leva a procurar pela primeira vez ajuda médica.
Os sintomas da doença de Parkinson variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem apresentar sintomas graves, enquanto outras apresentam apenas alguns sintomas leves. No início, os sintomas da doença de Parkinson podem afetar apenas um lado do corpo. Mais tarde, freqüentemente, ambos os lados são afetados. Em geral, os sintomas mudam com o passar do tempo - A memória e o raciocínio são geralmente afetados.
O diagnóstico de DP persiste sendo feito essencialmente em bases clínicas. Tremor, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural de intensidades variáveis individualmente, são os sinais e sintomas clássicos. Os sintomas são:
a) Tremor: a mão ou o braço treme. O tremor também pode afetar outras áreas, como a perna, o pé ou o queixo. Esse tremor pára durante o sono e diminui no movimento. Caracteristicamente ele inicia assimetricamente, acometendo a extremidade de um dos membros superiores à frequência de 4-5 ciclos por segundo. Pode ser comparado com o movimento exibido por caixas de banco, quando estão contando dinheiro.
b) Rigidez: acontece porque os músculos não recebem ordem para relaxar. Pode causar dores musculares e postura encurvada.
c) Bradicinesia: movimentos lentos. Iniciar movimentos exige um esforço extra, causando problemas para levantar de cadeiras e de camas. O andar pode limitar-se a passos curtos e arrastados. Pessoas com esta doença às vezes sentem-se "congeladas", incapazes de mover-se. As expressões faciais e o balançar os braços enquanto caminha tornam-se mais vagorosos ou ausentes.
d) Alteração no equilíbrio: a pessoa anda com a postura levemente curvada para frente, podendo causar cifose ou provocar quedas (para frente ou para trás).
e) Voz: a pessoa passa a falar baixo e de maneira monótona.
f) Escrita: a caligrafia torna-se tremida e pequena.
g) Artralgia: será encontrada na imensa maioria dos pacientes com DP que já desenvolveram algum grau de rigidez muscular. Além disso, os pacientes com DP tendem a exteriorizar níveis de osteoporose superiores àquela detectada em uma população de igual faixa etária. Nestes pacientes, a melhor alternativa para minimizar os efeitos da osteoporose, é a melhoria do seu status motor através terapia anti-parkinsoniana apropriada.
h) Sistema Digestivo e Urinário: Deglutição e mastigação podem estar comprometidas. Uma vez que os músculos utilizados na deglutição podem trabalhar de modo mais lento, pode haver acúmulo de saliva e alimento na boca fazendo o paciente engasgar ou derramar saliva pela boca. Além disso, alterações urinárias e constipação intestinal podem ocorrer pelo funcionamento inadequado do sistema nervoso autônomo. Alguns pacientes apresentam certa dificuldade para controlar o esfíncter da bexiga antes de uma micção iminente (urgência urinária) enquanto que outros têm dificulade para iniciar a micção. A obstipação intestinal, ou prisão de ventre, ocorre porque os movimentos intestinais são mais lentos mas outros fatores tais como atividade física limitada e dieta inadequada também podem ser responsáveis.
i) Determinados movimentos involuntários automáticos, são gradualmente abolidos durante a evolução da DP. As pálpebras, por exemplo, ficam indolentes, piscando cada vez menos.
j) Braços que não balançam ao deambular (andar): resulta em uma marcha típica. No início da doença é comum que apenas um braço se movimente enquanto o outro fica imóvel. Posteriormente, ambos tornam-se imóveis.
k) Depressão e déficit cognitivo: A depressão é um sintoma bastante freqüente e pode ocorrer cedo na evolução da doença, mesmo antes dos primeiros sintomas serem notados. Provavelmente relacionada à redução de um neurotransmissor chamado serotonina. Alterações emocionais são comuns. Pacientes podem sentir-se inseguros e temerosos quando submetidos a alguma situação nova. Podem evitar sair ou viajar e muitos tendem a retrair-se e evitar contatos sociais. Alguns perdem a motivação e tornam-se excessivamente dependentes de familiares. Alterações da memória, geralmente na forma de "esquecimentos" ou "brancos" momentâneos são comuns. O raciocínio torna-se mais lento e pode haver dificuldades específicas em atividades que requerem organização espacial. Entretanto, de modo geral, as funções intelectuais e a capacidade de julgamento estão preservadas.
Um critério importante para se diferenciar a genuína doença de Parkinson de outras formas de parkinsonismo, é a resposta a levodopa. Salvo raras exceções, os indivíduos com DP responderão favoravelmente ao medicamento, o que nem sempre ocorre no parkinsonismo secundário. No entanto, a melhora do quadro clínico de um indivíduo na fase inicial de DP, onde geralmente se observa apenas leve tremor unilateral pode não ser verificada e não está indicada.
Podemos dividir as estratégias de tratamento da DP em (1) medidas não-farmacológicas, (2) medidas farmacológicas e (3) tratamento cirúrgico.
As medidas não-farmacológicas compreendem uma série de hábitos e medidas de valor especial na DP por minimizar algumas de suas complicações. Devemos deixar claro que estas medidas não atenuam a gravidade da doença ou impedem sua progressão, mas mantém o indivíduo melhor preparado para enfrentar as alterações orgânicas e psicológicas decorrentes da consunção e insuficiência motora típicas desta enfermidade. Tais medidas são: (i) a educação, (ii) o tratamento de suporte, (iii) o exercício e (iv) nutrição.
O paciente precisa ser informado da natureza de sua doença, sua causa e a relação com o tratamento a ser instituído.
O suporte psicológico médico e familiar deve ser estimulado. Metade dos pacientes com DP desenvolvem depressão, que será tratada com anti-depressivos (preferencialmente os tricíclicos) e/ou terapia de apoio. Outras alternativas valorosas são os grupos de apoio, o aconselhamento financeiro (quando a enfermidade acomete o principal responsável pelo orçamento familiar) e a terapia ocupacional.
Sabe-se que a DP não se restringe apenas a transtornos da motricidade; alterações psíquicas decorrentes tanto da dificuldade em se iniciar movimento, quanto das mudanças neuroquímicas induzidas por deficiência de dopamina ou pela ação dos medicamentos utilizados e pela nova visão que o paciente tem do meio, são responsáveis pela grande prevalência de depressão reativa entre estes indivíduos. Por estes motivos, não devemos delegar todas as tarefas de suporte, inclusive psicológico, a outros profissionais e esquecer o papel fundamental do médico. Uma sólida relação entre um profissional seguro, confiante e empático, que demonstre estar efetivamente preocupado com o paciente e aqueles que o cercam; animando, esclarecendo e reconfortando durante as consultas, tem uma eficácia tão ou mais poderosa que as drogas antidepressivas.
Por um outro lado, exercícios não impedem a progressão da doença, mas mantém um estado de funcionamento muscular e osteo-articular conveniente.Nós já sabemos que anos de evolução de rigidez e bradicinesia produzem alterações patológicas ósseas (osteoporose e artrose) responsáveis por uma incapacidade funcional ainda mais limitante. Além disso, o bom impacto dos exercícios sobre a disposição e o humor são pontos favoráveis a esta terapia.
Desnutrição e perda de peso são observados em grande parcela dos pacientes. Nenhuma dieta especial é necessária nos quadros leves e moderados, além do cuidado em se ter refeições saudáveis e balanceadas, indistinguíveis das que seriam convenientes a todos nós. Boas refeições, ricas em cálcio e fibras, produzem um melhor estado orgânico, bem-estar geral, prevenção de osteoporose e de constipação intestinal.
Na doença avançada, as proteínas ingeridas geram na luz intestinal aminoácidos que competem com a absorção da levodopa. Esta competição leva a uma absorção errática da l-dopa e níveis séricos inconstantes, o que contribui para o agravo das flutuações motoras. Neste estágio, dieta hipoproteica está indicada. Este programa alimentar na verdade não diminui o aporte proteico, mas o concentra nas refeições após as 18:00 horas. Assim, a dieta com baixo teor de proteínas ao longo do dia não interfere na absorção de levodopa, e o equilíbrio nutricional pode ser reestabelecido à noite.
Considerando as alternativas farmacológicas disponíveis, pode-se afirmar que o arsenal medicamentoso antiparkinsoniano da atualidade, limita-se as seguintes opções:
1. selegilina;
2. amantadina;
3. anticolinérgicos;
4. levodopa;
5. agonistas dopaminérgicos.
Quanto a levodopa, inicialmente frisamos que continua sendo a principal forma de tratamento da doença de Parkinson idiopática. Seu emprego associa-se a menor morbi-mortalidade, e virtualmente todos os pacientes beneficiar-se-ão de seu uso. Por quase trinta anos, tem sido administrada a milhões de pacientes com DP. No princípio era empregada pura, e altas doses enterais eram necessárias para que uma ínfima parcela atingisse o SNC. Além disso, a rápida conversão periférica de l-dopa em dopamina pela dopa-descarboxilase, resultava em desagradáveis efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e hipotensão ortostática. Porém, com o passar dos anos, descobriram-se substâncias antagônicas de dopa-descarboxilase, permitindo que doses menores fossem utilizadas e maior eficácia terapêutica obtida. Inibidores de dopa-descarboxilase estão em voga desde há cerca de 30 anos, sendo mister reconhecer o papel histórico que tiveram na melhoria da qualidade de vida dos pacientes com DP. Dois deles estão disponíveis em produtos comerciais associados à levodopa e são oferecidos mundialmente: carbidopa (Sinemet®) e benzerazida (Prolopa®).
Porém, a vulnerabilidade da levodopa fica patente quando se contempla os graves sintomas neuro-psiquiátricos associados com seu uso prolongado.
O uso crônico de doses terapêuticas de levodopa provoca, inevitavelmente, os efeitos colaterais: (i) flutuações motoras, (ii) discinesias e (iii) distúrbios psiquiátricos. Estes péssimos efeitos da terapia prolongada, geralmente remitem após suspensão do medicamento ou redução da dose. Curiosamente, não há evidências experimentais de verdadeira toxicidade por levodopa em pesquisas in vivo. De fato, o que se tem notado é que este intrigante fármaco possui propriedades químicas neuroprotetoras62. Entretanto, o surgimento destes transtornos após períodos variáveis de tempo, é um fato inequívoco e deve dar lugar a consideração sobre as vantagens da continuidade da levodopoterapia.
A abordagem cirúrgica da doença de Parkinson tem quase um século. Portanto, muito antes da introdução de medicação dopaminérgica, cirurgias já eram executadas para tratar tremor, rigidez e bradicinesia, com graus variáveis de sucesso.
O tratamento cirúrgico da DP pode ser dividido em três categorias maiores: (i) técnicas lesionais, (ii) estimulação cerebral e (iii) transplantes.
1. A talamotomia é uma técnica indicada no tremor. Pode proporcionar uma redução de 80% da intensidade do tremor, em especial se este for predominante em um dimídio. As complicações incluem apraxia do membro superior, disartria, disfagia, abulia 73, distúrbios da fala e da linguagem, principalmente nas intervenções bilaterais 71.
2. A palidotomia estereotática do globo pálido interno é o procedimento cirúrgico de escolha no tratamento de discinesias induzidas por levodopa, promovendo uma notável melhora deste sintoma. Há relatos de complicações como disfunção cognitiva, disfagia, disartria, hemianopsia lateral homônima, hemiparesia transitória, abscesso intracraniano e hemorragia subcortical e palidal.
Há uma grande semelhança nos efeitos clínicos obtidos com lesão cirúrgica e estímulo cerebral profundo. Tal fato sugere que a estimulação elétrica crônica atue de forma a romper ou inibir a atividade neuronal.
Além de ser um método seguro, a estimulação cerebral profunda possui a vantagem de poder ser regulada ou mesmo suspensa, ao contrário das técnicas lesionais. Da mesma forma, não impede que o paciente possa futuramente obter proveito de novas abordagens.
O eletrodo, sustentado por uma bateria subcutânea que dura de 3 a 5 anos, pode ser implantado no núcleo subtalâmico ou no globo pálido interno. Há certa evidência de que a estimulação do núcleo subtalâmico produza melhores resultados. Ao atenuar as discinesias, a estimulação subtalâmica permite o aumento da dose de levodopa e melhorar os sintomas parkinsonianos. Independentemente da ação da levodopa, melhora da bradicinesia e do tremor pode ser observada 79-81. As complicações encontradas são disartria e alterações do equilíbrio 82. O alto custo desta forma de tratamento é um de seus principais fatores limitantes. Além disso, a estimulação cerebral profunda é um método recente e seus benefícios e riscos concretos ainda não foram satisfatoriamente analisados.
O auto-transplante de células da medula adrenal, como repositório da depleção dopaminérgica nigro-estriatal foi abandonado, devido à indiferença de seus resultados, reflexo da curta sobrevivência das células transportadas no núcleo caudado ou putâmen.
Uma alternativa recente muito mais atraente e que vem obtendo resultados gratificantes é o alotransplante de células medulares adrenais ou mesencefálicas de fetos, sendo o último o local mais pesquisado.
A compreensão de modelo de incapacidade como o proposto pela OMS pode ser usada como base para organizar e interpretar a avaliação fisioterápica do paciente e desenvolver um plano adequado de intervenção.  Apesar do tratamento medicamentoso e cirúrgico, o portador de DP desenvolve deficiências progressiva em todos os estágios da doença , o papel do fisioterapeuta é maximizar as habilidades funcionais e minimizar as complicações secundárias,por meio da reabilitação do movimento dentro de um contexto de educação e suporte para o indivíduo como um todo. O profissional não pode perder de vista a necessidade de instrumentalizar os pacientes e os cuidadores a fim de que eles tenham participação ativa no processo terapêutico e possam desenvolver algum controle sobre a doença.
            Resumidamente, o fisioterapeuta tem distintas formas de atuação para alcançar suas metas. O tratamento fisioterápico pode ser instituído mediante programas regulares de exercício preventivo ou corretivo; de treinamento funcional especifico, inclusive com uso de estratégia voltadas para o ciclo on-off   quando necessário; de adaptação ambiental e de programa domiciliares. Tais formas de atuação não são excludentes e devem ser associadas para a obtenção de melhores resultados. A abordagem fisioterápica pode envolver também a atuação ou supervisão direta, indireta ou periódica do profissional, além de lidas com o paciente individualmente ou em grupo.

































ANDRADE LUIZ, et al. Doença de Parkinson estratégia atuais de tratamento
www.doencadeparkinson.com.br/resumodp.htm
ROSEMBERG SÉRGIO, Neuropediatria