FISIOTERAPIAUFMG2010/1

sábado, 22 de maio de 2010

Fisioterapia 24h na UTI diminui em 40% o tempo de internação

Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Fisioterapia do Instituto Central do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP, mostrou que os atendimentos de fisioterapia reduzem em até 40% o tempo de permanência do paciente na UTI - Unidade de Terapia Intensiva, quando aplicados sem interrupções, ou seja, nas 24horas do dia.

O estudo avaliou 500 pacientes, num período de seis meses. Nos primeiros três meses, a abordagem do fisioterapeuta aconteceu num período de apenas 12 horas e a média de internação do paciente foi de 10 dias. Nos três meses seguintes, quando o atendimento foi durante as 24 horas, a média de permanência do paciente caiu para 6 dias apenas.


Nas UTIs do Paraná

Os hospitais públicos convivem com a falta de recursos humanos e verbas restritas, no Paraná ainda não se tem fisioterapia 24h nas UTIs, pelo menos não nos hospitais públicos ligados a universidades. No HC (Hospital das Clínicas), em Curitiba, vinculado à UFPR existe a fisioterapia em tempo integral, durante toda a semana, finais de semana e feriados, mas o atendimento é apenas durante o dia.

Regina Senff, fisioterapeuta do HC há 12 anos, afirma que para quem trabalha diretamente com pacientes graves percebe-se notadamente resultados positivos com a realização da fisioterapia duas vezes ao dia. “Imagino que se o serviço for realizado em período integral, nós e os pacientes só temos a ganhar”, ressalta Senff.

A função do fisioterapeuta na UTI tem como objetivo principal reduzir o tempo de permanência do paciente na unidade. No HC-UFPR, em Curitiba, existem várias UTIs, como a geral, pediátrica, neonatal, cardíaca, além dos CTSI (Centros de Terapia Semi-Intensiva) cada centro ou unidade possui uma equipe. Por exemplo, a UTI Geral possui 2 fisioterapeutas um em cada período (manhã e tarde) e conta também com estágios curriculares.

A realidade é de equipes enxutas, de acordo com o fisioterapeuta Rauce Marçal da Silva, chefe do serviço de fisioterapia do HC-UFPR, o número de fisioterapeutas é menor que a demanda de atendimentos, isso faz com que o mesmo profissional seja responsável por mais de um setor de atendimento. “Com esse quadro de pessoal reduzido fica difícil oferecer a fisioterapia por 24h, e a contratação só é feita via concurso público que é um processo demorado”, explica Rauce.

Em Cascavel o cenário é parecido, na UTI para adultos a equipe é composta por quatro fisioterapeutas plantonistas (plantão de 12h – tarde e noite). Há também três profissionais que estão cursando especialização na área, dois deles fazem atendimento durante o dia (manhã e tarde) na UTI adulto e o terceiro fica na UTI neonatal e pediatria no sistema de rodízio. “Conseguimos, dessa forma, cobrir em torno de 18 horas a UTI adulto”, ressalta Érica Fernanda Osaku, Coordenadora da especialização de Fisioterapia em Terapia Intensiva, no Hospital Universitário da Unioeste.

O Custo-benefício

O custo de uma diária na UTI está em torno de R$ 900,00, mas o SUS (Sistema Único de Saúde) paga R$ 341,94, números do HC-UFPR, de Curitiba. Para oferecer o atendimento de fisioterapia em tempo integral (24h por dia) seria preciso triplicar o número de fisioterapeutas das UTIs do HC. Mas esse aumento de pessoal, segundo Rauce, não elevaria os custos na mesma proporção. “Além de não aumentar muito os custos, a diminuição do tempo de permanência é um fator que fala muito a favor da fisioterapia 24h na UTI”, ressalta Rauce.

Como é a fisioterapia na UTI

Nas UTIs predomina a aplicação das técnicas da fisioterapia respiratória em pacientes entubados e no tratamento de patologias respiratórias. É um método preventivo, quando se têm situações de pacientes que temporariamente apresentam-se restritos ao leito, como também uma forma de tratamento das pneumopatias.

Os pacientes internados em terapia intensiva apresentam-se, na maioria das vezes, em situações críticas, inclusive com perda de consciência. O fisioterapeuta intervém nas doenças específicas da causa do internamento e da mesma forma na prevenção das complicações adquiridas nesse período. “A grande importância do trabalho do fisioterapeuta nas UTIs está em abreviar a alta hospitalar, evitando e ou diminuindo as seqüelas”, afirma Pedro Beraldo, presidente do Crefito-8 (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8ª Região).

O fisioterapeuta que trabalha com o intensivismo vem somar com a equipe multidisciplinar. “A sua presença é importante, pois auxilia na manutenção das vias aéreas, na elaboração e execução dos protocolos de assistência ventilatória,” justifica Erica do HU-Unioeste.

São muitos os benefícios apresentados com a aplicação da fisioterapia como a eliminação das secreções brônquicas, melhora de volumes e capacidades pulmonares, melhora a postura evitando encurtamentos e deformidades, aumenta a resistência e a tolerância à fadiga, prevenindo o descondicionamento físico decorrente do imobilismo, contribui para a prevenção de trombose venosa profunda e embolia pulmonar. “Graças a essas técnicas as pessoas alcançam uma melhora na qualidade de vida”, ressalta Regina do HC-UFPR.

Fonte: Crefito-8

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